sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Pelos Velhos Tempos

Isso, vá embora mesmo. Pra bem longe. Alíais, nem espera amanhã. Vai hoje. Quanto antes melhor.
Vai, se distancie, hipnotizada. Hipnotizada pela própria ignorancia e egoísmo. Enfeitiçada por uma idéia ridícula, uma idéia que te apodera e te transforma em outra pessoa. Como droga. Viciante.
Você está tão vidrada e presa nesse contexto tão estúpido, que fica cega. Fica cega pra tudo. Fica cega pro amor que eu sinto por você, fica cega pela grande merda que você tá fazendo, fica cega pelo que você acha que sente, e pelas injustiças que está cometendo. Deus, será possível que você não enxergue que você vai se machucar? Não enxergue que vai dar errado? Que você vai voltar pra cá chorando daqui a alguns meses? Mas vai ser tarde demais...
Porque eu vou ter ido embora.
Tudo porque você, uma adulta, está agindo como uma criança, infantil, com um brinquedinho novo.
Como você pode ser tão irracional? Você era uma pessoa maravilhosa, e se transformou em uma alienada, ignorante.
E pode chamar do que quiser: ciúmes, crítica, inveja...
Você sabe que é verdade. Você sabe no fundo que está apenas sendo... bem, idiota. É, idiota e imatura.
Às vezes não acho que você não passa disso.
Então, é, isso, vá embora mesmo. Pra bem longe. Alíais, nem espera amanhã. Vai hoje. Quanto antes melhor.
Porque eu não quero assistir você quebrando a cara de camarote.

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Irracional

É incrível como às vezes até as pessoas mais próximas me assustam, e conforme convivo e vivo nessa sociedade, percebo o quão o ser humano apenas finge ser normal e perfeito, mas o quão irracional e estranho ele é.
Ás vezes penso se somos ao menos saudáveis. Não, somos todos corrompidos, pelo egoísmo de querermos apenas o bem para nós mesmos, o poder para nós mesmos, a felicidade para nós mesmos. Foda-se os outros. Até nas boas ações: você apenas as faz para se sentir feliz ou livre de culpa.
Me chame de pessimista, me chame de deturpada, mas olhe ao seu redor.
Errada, não estou.

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Oceano

Tudo nela esbanja futilidade.
Entenda, não apenas pela aparência física, não gosto de julgar um livro pela capa.
Mas é como ela vê o mundo. Belo mundo, em que o maior problema é a roupa para a festa.
Tão fácil, mais simples, mais limpo, mais bonito. Valeria a pena?
Bom, primeiro que em meu caso particular, devido à minha bela genética (entre tossidas) e capacidades sociais, se eu fosse me dedicar apenas à futilidades, principalmente pelo lado estético e vaidoso da coisa, estava fudida. Mas, tirando tal particularidade, seria melhor ser superficial?
"Ignorança é uma benção."
Trocaria uma vida de pensamentos e reflexões, entender o que acontece de verdade? Isso não nos faz mais racionais, humanos? Porque, pensemos: qual a diferença de um pavão que se exibe para a fêmea para as meninas que se vestem como um para se exibirem aos machos?
Às vezes em minha mente a balança pesa.
Hemingway já dizia: "Happiness in intelligent people is the rarest thing I know." Pois a verdade nem sempre é boa, a vida nem sempre é boa, a informação nem sempre é boa.
Mas eu vejo assim: a vida seria um oceano. É tão lindo o jeito que o pôr-do-sol bate nele, e como as ondas nos entretêm. Você pode viver na superfície, onde boiar é fácil, e apenas admirar o céu. Ou você pode mergulhar, prendendo a respiração e se forçando a nadar, e encontrar um mundo completamente diferente e novo, de cardumes, algas e pequenos pontos coloridos.
Então tudo bem ela esbanjar fultilidade: ela apenas boia, e o mar é bonito de cima.
Mas eu simplesmente amo estrelas-do-mar...

domingo, 20 de novembro de 2011

Quando...

Sabe quando você tira uma foto e as luzes parecem pequenos vagalumes brilhando, pequeninas bolas de claridade?
Então, são essas luzes que vejo nessas horas.
Minha respiração prende, e eu sinto meus próprios olhos sorrirem. Meu peito se preenche, e não estou mais sozinha: há borboletas no meu estômago.
Eu sempre, sempre, olho para seus lábios, apenas não consigo evitar, normalmente os semi-cerro para depois fechá-los.
Produzo adrenalina e meu coração dispara, minha mente lança um turbilhão, e, por trás da escuridão que enxergo, projeta-se um milhão de imagens e pensamentos, contínuos e mútuos, repentinos.
Se sinto sua respiração próxima à minha então, tudo se multiplica.
É uma das melhores partes, na minha opinião. É o começo, o preparo, o que antecipa. E não importa quantas vezes ele aconteça: toda vez é excitante e diferente.
Aqueles pequenos segundos antes dos nossos lábios se encontrarem, quando nos aproximamos e nosso cérebro, seguindo uma série de desclaves lógicos, faz o 'clique' e nos damos conta do que vai acontecer.
E tudo clareia, para se seguir das borboletas, e pulmões cheios, e cílios calmos se encontrando, e sensibilidade da pele correndo como impulsos e choques e eletricidade.
E ai.. e ai, meu amor, é quando a mágica acontece.

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Na ponta do nariz

Achar uma música nova.
Cheiros de livros.
Dormir com o barulho da chuva.
Receber elogios inesperados.
Sorvete.
Saber o que vestir.
Acordar tarde.
Receber uma nota boa.
Viajar.
Festas.
Fazer algo fora da rotina.
Dançar ao som de uma música alta.
Sonhos bons.
Banhos longos.
Sair com os amigos.
Ver um filme inteligente.
Ganhar uma discussão.
Beijar.
Acordar e pensar que esse dia vai ser melhor que o último.
Acordar e lembrar de pequenas coisas que vão fazer seu dia melhor que o último.
Acordar e lembrar de pequenas coisas que vão fazer valer a pena viver mais um dia.
A curiosidade que fica na ponta do nariz de quando teu destino vai te pegar de surpresa de novo.

sábado, 12 de novembro de 2011

Noite

Agora irei sair,
cumprir meu destino noturno
como uma mente entregue aos delúrios,
ao drama.
Fechar as pestanas,
e sentir a pele aquecer no contato úmido,
para fechar-me tambem pela névoa invisivel,
que preenche meu sensor auditivo.
E me proteger dos perigos iminentes psicologicos,
me envolvendo na camada de macio.

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Feito Barata Tonta

Clichês.
Hoje em dia, tudo virou clichê. Até o clichê virou clichê.
E já que estou a todo vapor, vou por as cartas na mesa: no dia-a-dia, o que mais dou de cara são frases feitas. Elas são ditas da boca pra fora, quando dão na telha. Hoje mesmo, peguei um mocinho da TV com a boca na botija: 'Não posso ficar com você. Preciso me focar nos estudos.'
Pelo amor de Deus! É tão piegas quanto 'não quero estragar a amizade', ou 'não é você, sou eu.'
Mas como sou da pá virada, decidi passar um santo dia inteiro sem pronunciar um clichê se quer!
Estava indo bem, quando minha boca aberta solta uma 'por via de regra'. Mas como sou brasileira e não desisto nunca, resolvi dar a volta por cima, até que me denuncio com um 'brincar com fogo' que resolve dar o ar da graça.
Então, chutei o balde. Foi um dia inteiro de caixinhas de surpresas: Vários 'união faz a força', 'fé em Deus e pé na tábua', 'rodar a baiana'. Meu plano foi por àgua abaixo, quando descobri que 'te amo' virou um clichê.
Mas depois de pôr o tico-e-teco pra trabalhar e esquentar a cabeça, cheguei a seguinte conclusão: a vida é feita dos velhos e bons clichês.
E para fechar com chave de ouro, preste atenção: esse texto em si, é um grande clichê, feito de clichês, falando sobre clichês.
Pois é, meu caro Watson. Não tem como fugir das famosas frases feitas.
É a vida!

Gabito Nunes

"No mais, ela tem seu comportamento perpendicular. Acho que para não acordar os pássaros matinais, ela sussurra em bemol "Tá acordado? Eu quero fazer amor". Eu juro, ela diz assim. Como se não soasse clichê. Às vezes ela até diz que os clichês são invenções, só existem em hipóteses sonhadas por cabeças mesquinhas. Ela diz assim "fazer amor". E reforça "Estou com vontade". Ela não vai descansar.
(...)
É o jeito, o cheiro, o modo de vestir, como caminha, como olha, como para. Não sei. Eu amo. Ela retribui. Não há outros motivos pra estacionar se não for nesses termos, com esses votos e afirmações diárias. "Te amo, sim. Só que de vez em quando me esqueço", falou ela, numa briga da semana passada. Ela enche a boca pra dizer bom dia, antes mesmo do dia, que pelo visto acordou melancólico, mais uma vez. Não estou todo confortável, mas tudo bem, agora estou acordado e de acordo. Ela lambe o topo, sem os dentes, e me olha, "e aí?" Ela me convence. Pronto, sinto tesão."

Quase lá

A vida anda instável demais.
Não posso mais me apegar, porque posso sofrer. Não posso mais ter esperanças, porque vou me decepcionar. É difícil demais ter algo ao meu lado, uma notícia feliz, alguem que se importe?
Estou cansada de ter de tomar cuidado para esperar o pior.
Sinto como se estivesse perdendo a fé no amor. Não há coisa pior do que lutar para não gostar de alguém, pois sabe que vai se magoar. Ter de ficar repetindo pra si mesma: 'Não se importe, não se apaixone, não dê atenção, não é ou vai ser nada sério.'
Porra! Não era para ser assim. Não pode ser assim. Será possível que eu não possa simplesmente não me apegar?! Ah...
Como se eu soubesse que um dia seria assim. Essa loucura inevitável, é uma merda, se quer saber, palavras de uma poetisa romântica em delírio contra o amor.
Não tenho escolha, a não ser não me arriscar. De qualquer maneira, ele não vai reparar, ele não se importa. Ele diria 'foda-se' e beijaria outra.
Talvez amanhã já esteja pior.
Talvez amanhã eu já não esteja mais aqui.
Talvez amanhã já tenha acabado, acabado tudo, tudo, tudo...
Pois é, a vida anda instável demais.
Instável demais para meu gosto.

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Tati Bernardi

"Eu não quero ir embora e esperar o dia seguinte. Porque cansei dessa gente que manda ter mais calma. E me diz que sempre tem outro dia. E me diz que eu não posso esperar nada de ninguém. E me diz que eu preciso de uma camisa de força. Se você puder sofrer comigo a loucura que é estar vivo. Se você puder passar a noite em claro comigo de tanta vontade de viver esse dia sem esperar o outro, se você puder esquecer a camisa de força e me enroscar no seu corpo para que duas forças loucas tragam algum equilíbrio. Se você puder ser alguém de quem se espera algo, afinal, é uma grande mentira viver sozinho, permita-se. Eu só queria alguém pra vencer comigo esses dias terrivelmente chatos."

domingo, 18 de setembro de 2011

Última Postagem

Bati a cabeça na parede. Sentia a água escorrer sobre minha pele. 'Eu odeio ele. Eu odeio ele. Eu odeio ele'.
Me dobrei no meio, como se levasse um soco no estômago. Mal conseguia me manter de pé ao lembrar da dor que ele me trazia. Soluçava.
Porque ele faz isso comigo? Dor, dor, dor, dor... Dor de amor dói como morrer. E eu estou cansada de morrer todo dia e você estar pouco se fudendo. Me matando.
É irônico o modo como eu sofri para não te machucar e você me machucar e não se importar. Aliais, chego a duvidar que você me amou, ou sofreu por mim. Porque não é possível você fazer isso comigo sabendo como dói. Parece que não me conheceu. Que esqueceu qualquer afeto que já tivemos. Qualquer lembrança boa, ou saudade. Parece que você não me amou, porque mesmo que não amasse mais, não faria isso com alguém que já foi importante com você.
E você nem lembra. Você esquece, você não se importa.
Parece outra pessoa.
Queria que você visse, meu rosto inchado de chorar, o desespero de não ter o que fazer. Queria que você ao menos se sentisse culpado em relação à isso, mas duvido. Duvido que sequer tenha se tocado. Mesmo se lesse isso. Você iria dar de ombros, não ia reagir.
Minha dor é pior. Eu pelo menos tentava conter a sua.
Você me ignora, não me retorna, esfrega na minha cara, e nem lembra, nem lembra, nem pensa, nem pensa...
Eu te odeio. Te odeio por não se importar, e me odeio por me importar.
Parabéns. Esse vai ser meu ultimo suspiro de amor. Porque agora, só há raiva.
Mas você não liga, não é mesmo?

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Lógica do Exagero

Ando escrevendo como louca. Apenas quero, apenas gosto. Independente de ficar bonito. Apenas há a necessidade.
Drama, novamente. Tenho que aceitar e conviver com o fato de eu ser dramática, e de isso talvez me tornar cansativa e previsível. Tenho de aceitar e conviver com o fato de que vou fazer uma tempestade em copo d'água, serei insegura quando quero e confiante quando posso.
Aceitar que me apaixono loucamente, sem freios, sem restrições românticas. Aceitar que vou sofrer e me descabelar, que vou ser intensa. Aceitar que vou pensar demais sobre o universo, vou criar teorias mirabolantes e que em uma simples chuva acharei um mar.
Uma poetisa iludida, tentando achar dentro de si coisas externas, causadas pela consternação da saudade. Saudade que causa você, você que causa saudade, e que eu fiz de tudo isso, um grande drama.
E se isso me faz de uma dramática, fazer o que? O que tento fazer é o minimo que posso: escrever.
E por isso ando escrevendo como louca. Pois apenas quero, apenas gosto.
Independente de ficar bonito.

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Perigosamente distraída.

Esse texto é uma releitura do texto Pequenas Distrações, de Gregório Bacic (diponível em http://oiotrilho.blogspot.com/2007/09/pequenas-distraes.html) . Por favor, leia-o antes de ver o texto abaixo.



Querido Diário,
Gostaria de lhe apresentar Speedy Gonzãlez, meu novo chihuahua. Ele é absolutamente adorável, especialmente com sua coleira rosa.
Ganhei-o de minha cunhada. Fiquei em dúvida do porque ela o fez, pois ontem não foi uma data importante. Me pergunto se foi para compensar o quanto mamãe ficou brava por assistir, através de uma daquelas câmeras infernais, eu me tocando na despensa. Eu não entendo bem o que aconteceu, apenas me senti direcionada àquilo, depois de assistir um dos vídeos do quarto do meu irmão. As pessoas se enlaçavam e gemiam de modo estranho nele, e fiquei hipnotizada. Senti esse calor estranho, e comichões. Foi bom. Apenas não entendo o porque de tal reação da parte da minha mãe. Me lembro de antes de serem instaladas as paredes com revestimento acústico, de ouvir os mesmos gemidos vindos do quarto dela.
Malditas câmeras. Deus, como é insuportável ficar presa dentro desta casa. Entendi como me sinto quando Speedy chegou dentro de sua jaula para cães. Reconheci o olhar triste. O mesmo que vejo no espelho...


Querido Diário, mal posso escrever entre as lágrimas. Não sei se de terror ou tristeza. Me distraí. Tive um de meus "momentos de ingenuidade", como costuma dizer vovó. Deixei Speedy escapar, e o segui, chegando tarde demais. Foi o horror. Não consegui me mover, e assisti em câmera lenta eles rasgarem, como faço com papel, Speedy. Via apenas sangue em meio aos dentes daquele monstro, e pedaços de sua pele, marrons, misturados ao vermelho. Entrei em choque, e depois de um tempo, desabei em lágrimas. Vovó me disse para não ser inocente. E que são justamente essas coisas que quer evitar. E então algo aconteceu, diário. Ela apareceu. Lembra dela? Sim, aquela voz. Ela fica falando, e não se conteu ao dizer, através de mim: 'Não seria tão inocente se visse algo do mundo que não fosse pânico, que é o que habita essa casa.'
Arregalei os olhos, pois há tempo não via a voz. Tenho medo dela. Ela põe idéias insanas em minha cabeça. Idéias que vovó não chamaria de ingênua.

Querido Diário. Me desculpe pelas manchas em vinho. Sei que não vai bem com o rosa de sua capa. Mas como posso evitar, já que minha mão está tingida de vermelho?
Lamento por ter rasgado meu baby doll, gostava dele. Mas a voz mandou, então obedeci.
Fui obediente. Segui cada conselho da voz. Peguei a metralhadora, e visitei quarto por quarto. Pena que as paredes com revestimento acústico encobertaram os tiros, então cada quarto eram novos olhos surpresos me admirando no escuro. Ah, nota: Mamãe não é bonita por dentro, como papai costuma dizer. É nojenta, sangue não combinou com ela.
Estava frio lá fora, mas não pude deixar de matar os outros monstros. Sim, diário, eliminei os monstros, assim como a voz mandou: 'Elimine os monstros que a prendem na jaula.' Ela gosta de ser sarcástica. Deixei ela me dominar. E foi bom. Não me senti ingênua.
Apenas, quem sabe talvez, perigosamente distraída.



~~~~~
Nota: devido ao limite de linhas impostas, e restrição ao tema (diário), esse conto não ficou no modo ideal ao meu ver. Mas espero que tenham gostado, tentei abranger a idéia da falsa inocência, mesmo que em pouco espaço. Pude interpretar essa personalidade a partir do fato dela viver trancafiada em uma casa, e a reação dos pais após a flagar se masturbando: ela foi criada para ser assim. Apenas não contavam que ela não era, o que nos leva às suas indagações no texto de Gregório e ao final surpreendente.

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Ingenuidade

Não importa que hoje esteja calor, vou dormir com seu cheiro.
Não sei, apesar de ser contraditório, seu cheiro me acalma, mesmo quando você é minha causa do estresse. E mesmo que agora doa de lembrar, ainda conseguir sentir nosso beijo me acalenta.
Queria ler seus pensamentos. Saber como se sente. Queria ter uma poção do amor. Saber como faço pra você me amar de novo.
Talvez se eu dormir com seu cheiro e tiver sonhos bons, eles me levem até você e faça você pensar um pouquinho em mim.
Quem sabe sonhar comigo, e em um realidade pessimista, você então sentir meu cheiro. Ou - porque não?- sentir falta dele também.
Tenho essa aflição dentro de mim, de querer que passe logo. Ou ficarmos juntos, ou passar esse amor.
Mas sei que no fundo, apenas quero que fiquemos juntos e que o 'passar esse amor' é a esperança de não criar expectativas - coisa impossível de se fazer, se ainda posso sentir seus braços ao redor do meu ombro.
Me sinto inocente, ingênua, tendo esperanças. Mas só não consigo evitar. Gostaria de ser dura, mas sou romântica. Me rendo ao cheiro, às lembranças. Não consigo evitar em pensar em te ver e te beijar, dessa vez de verdade, de novo.
Me rendo a ilusão, só essa vez, só essa vez, só essa vez...
Pra dormir com teu cheiro e sonhar com a gente.

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Que atire o primeiro osso quem nunca amou um cão

Mais que família.
Porque já passou de clichê a história do cão é o melhor amigo do homem.
Mas é.
É muito estranho, para se pensar. É raro se criar tanto afeto, amar, algo que não é humano.
"Seria isso possível?" perguntaria o cientista antropocêntrico. E é visto, dia-a-dia. Mais comum que pensa. Como é possível se criar afeto por algo que nem raciocina, não pensa?
O ser humano se esquece que não ter raciocínio lógico não significa não ter sentimentos. E é isso que é demonstrado quando se cria afeto com animais.
E eu estava pensando nisso hoje. Como é possível eu amar meu cão? Como é possível escorrer lágrimas dos meus olhos ao ver ele doente? Como é possível não sorrir quando lembro do dia que ele chegou, desajeitado e patinando com as pequenas patas pelo chão da garagem? Do dia que decidi dar à ele o nome de criança, baseado no desenho infantil: Arnold.
E agora já se passaram 10 anos. 10 longos anos. E sabe, ele foi um companheiro, de verdade. E logo depois veio a Helga. Me lembro de como eu sentava na janela do meu quarto e fazia carinho neles enquanto falava sobre meus problemas, como se eles fossem meus amigos.
E me lembro dos banhos, em que os púnhamos na pequena piscina azul daqui de casa. Tinha de ser em um dia de calor, e era um desafio prende-los sem deixar eles saírem correndo da piscina em um pulo estratégico e seguir em direção ao terreno, e consequentemente, à terra.
Também das vezes em que, escondidos, vimos ele abrir com o focinho a porta da frente, tirar o cadeado e puxar com a pata a porta.
Talvez seja por isso que dói tanto ver ele assim, pelas lembranças. Dói mesmo, dói como se fosse humano. E não importa que não seja. Não importa que não pense ou raciocine. Que não saiba falar. Ele é parte da família.
E dói ver ele assim.
Por isso não tenho vergonha de falar que amo ele, amo meu cão.
E que se algo acontecer, eu vou sentir a falta dele.

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

I wanna hold your hand

Segurar suas mãos. Quentes, macias. Sentir sua pele tocar a minha. Não ver mais aquele momento em que você a soltou.
Segura minha mão. Diz que não quer me ver ir embora. Diz que não quer me soltar. Que você quer segurar minhas mãos.
Segurando as mãos. Um momento, nem que seja, mas que dure pra sempre. Que queira que dure pra sempre. Mesmo que nos separemos. Deixar as incertezas de lado. Nada de insegurança. Apenas eu e você, conectado pelo elo. A energia fluindo pelos braços. O toque eletrizante. O significado do choque. O momento marcado, sem distancia, sem você me olhando e soltando minha mão depois da nossa dança.
Não me deixa cair. Não me deixa escapar.
Então que eu saiba que tenho sua mão para me segurar.
Porque você está soltando minhas mãos?

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Luis Fernando Veríssimo

"Lembro-me como se fosse há oito bilhões de anos. Eu era uma célula
recém-chegada do fundo do miasma e ainda deslumbrado com a vida agitada da
superfície, e você era de lá, um ser superficial, vivida, viciada em amônia, linda,
linda. Nós dois queríamos e não sabíamos o quê. Namoramos um milhão de
anos sem saber o que fazer, aquela ânsia. Deve haver mais do que isto, amar
não deve ser só roçar as membranas. Você dizia "Eu deixo, eu deixo", e eu dizia
"O quê? O quê?", até que um dia. Um dia minhas enzimas tocaram as suas e
você gemeu, meu amor, "Assim, assim!". E você sugou meu aminoácido, meu
amor. Assim, assim. E de repente éramos uma só célula. Dois núcleos numa só
membrana até que a morte nos separasse. Tínhamos inventado o sexo e vimos
que era bom. E de repente todos à nossa volta estavam nos imitando, nunca
uma coisa pegou tanto. Crescemos, multiplicamo-nos e o mar borbulhava. O
desejo era fogo e lava e o nosso amor transbordava. Aquela ânsia. Mais, mais,
assim, assim. Você não se contentava em ser célula. Uma zona erógena era
pouco. Queria fazer tudo, tudo. Virou
ameba. Depois peixe e depois réptil, meu amor, e eu atrás. Crocodilo, elefante,
borboleta, centopéia, sapo e de repente, diante dos meus olhos, mulher. Assim,
assim! Deus é luxúria, Deus é a ânsia. Depois de bilhões de anos Ele acertara a
fórmula. "É isso!", gritei. "Não mexe em mais nada!"
— Quem sabe mais um seio?
— Não! Dois está perfeito.
— Quem sabe o sexo na cabeça?
— Não! Longe da cabeça. Quanto mais longe melhor! Linda, linda. Mas
algo estava errado. Não foi como antes.
— Foi bom?
— Foi.
— Qual é o problema?
— Não tem problema nenhum.
— Eu sinto que você está diferente.
— Bobagem sua. Só um pouco de dor de cabeça.
— No caldo primordial você não era assim.
— A gente muda, né? Nós não somos mais amebas.
E vimos que era complicado. Nunca reparáramos na nossa nudez e de
repente não se falava em outra coisa. Você cobriu seu corpo com folhas e eu
construí várias civilizações para esconder o meu. "Eu deixo, eu deixo — mas não
aqui." Não agora. Não na frente das crianças. Não numa segunda-feira! Só
depois de casar. E o meu presente? Depois você não me respeita mais. Você vai
contar para os outros. Eu não sou dessas. Só se você usar um quepe da
Gestapo. Você não me quer, você quer é reafirmar sua necessidade neurótica de
dominação machista, e ainda por cima usando as minhas ligas pretas. O quê?
Não faz nem três anos que mamãe morreu! Está bem, mas sem o chicote. Eu
disse que não queria o sexo na cabeça, Senhor!
— Nós somos como frutas, minha flor.
— Vem com essa...
— A fruta, entende? Não é o objetivo da árvore. Uma laranjeira não é
uma árvore que dá laranjas. Uma laranjeira é uma árvore que só existe para
produzir outras árvores iguais a ela. Ela é apenas um veículo da sua própria
semente, como nós somos a embalagem da vida. Entende? A fruta é um
estratagema da árvore para proteger a semente. A fruta é uma etapa, não é o
fim. Eu te amo, eu te amo. A própria fruta, se soubesse a importância que nós
lhe damos, enrubesceria como uma maçã na sua modéstia. Deixa eu só
desengatar o sutiã. A fruta não é nada. O importante é a semente. E a ânsia, é o
ácido, é o que nos traz de pé neste sofá. Digo, nesta vida. Deixa, deixa. A flor,
minha fruta, é um truque da planta para atrair a abelha. A própria planta é um
artifício da semente para se recriar. A própria semente é apenas a representação
externa daquilo que me trouxe à tona, lembra? A semente da semente, chega
pra cá um pouquinho. Linda, linda. Pense em mim como uma laranja. Eu só
existo para cumprir o destino da semente da semente da minha semente. Eu
estou apenas cumprindo ordens. Você não está me negando. Você está
negando os desígnios do Universo. Deixa.
— Está bem. Mas só tem uma coisa.
— O quê?
— Eu não estou tomando pílula.
— Então nada feito.
Mais, mais. Um dia chegaríamos a uma zona erógena além do Sol. Como
o pólen, meu amor, no espaço. Roçaríamos nossas membranas de fibra de
vidro, capacete a capacete, e nossos tubos de oxigênio se enroscariam e
veríamos que era difícil. Eu manipularia a sua bateria seca e você gemeria como
um besouro eletrônico.
Um dia estaríamos velhos. Sexo, só na cabeça. As abelhas andariam a pé, nada
se recriaria, as frutas secariam. Eu afundaria na memória, de volta às origens do
mundo. (O mar tem um deserto no fundo.) Uma casca morta de semente, por
nada, por nada. Mas foi bom, não foi?"

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Hunger Games

"Porque Peeta?
Foi durante a pior época da minha vida. Meu pai havia morrido no acidente da mina três meses antes, no janeiro mais amargo que alguém pode ter notícia. O entorpecimento da perda havia passado, e a dor me atingia repentinamente, fazendo meu corpo se contorcer, se sacudir de soluços. Onde você está? Eu gritava na minha cabeça. Pra onde você foi?
É claro que jamais obtive uma resposta.
O distrito nos dera uma pequena quantia de dinheiro como compensação pela morte dele, o suficiente para cobrir um mês de luto, e depois disso minha mãe deveria arranjar um emprego. Mas ela não arranjou. Ela não fazia nada além de ficar sentada em uma cadeira o tempo todo ou, mais frequentemente, debaixo dos cobertores na cama com os olhos fixos em algum ponto distante. Com onze anos, assumi a chefia da família.
Mas o dinheiro acabou e nós começamos lentamente a morrer de fome. Não há outra maneira de colocar a coisa.
Na tarde em que me encontrei com Peeta Mellark, a chuva estava caindo em incessantes jatos gelados. Eu estivera na cidade tentando trocar algumas roupas velhas de bebê pertencentes a minha irmã no mercado público, mas não aparecera nenhum comprador. Eu não podia ir para casa porque lá estavam minha mãe com seus olhos mortos e minha irmãzinha com suas bochechas descarnadas e os lábios rachados. Eu não podia entrar naquela casa com as mãos vazias de qualquer esperança.
Quando passei pela casa do padeiro, o cheiro de pão fresquinho foi tão arrebatador que fiquei tonta. Os fornos ficavam nos fundos, e um brilho dourado escapava pela porta aberta da cozinha. Fiquei lá parada, hipnotizada pelo calor e pelo aroma delicioso até a chuva interferir, passando seus dedos gelados pelas minhas costas e me forçando a voltar para a vida real. Levantei a tampa da lixeira do padeiro e a encontrei brutalmente vazia. De repente, alguém berrou na minha direção e vi a mulher do padeiro mandando eu sair dali. As palavras eram feias e eu não tinha nenhuma defesa.
Enquanto recolocava cuidadosamente a tampa da lixeira no lugar e me afastava, reparei a presença dele, um garoto louro espiando por detrás da mãe. Eu o vira na escola.
Ele estava no mesmo ano que eu, mas eu não sabia o nome dele.
A mãe voltou para a padaria, resmungando, mas ele deve ter ficado me observando enquanto eu contornava o cercado onde estavam os porcos e me encostava em uma velha macieira. A percepção de que eu não conseguira coisa alguma que pudesse levar para casa finalmente se instalara em mim. Meus joelhos fraquejaram e escorreguei até as raízes da árvore. Era demais para mim. Eu estava doente, fraca e muito, muito cansada mesmo.
Ouvi um barulho de metal na padaria e a mulher gritando novamente e, em seguida, o som de uma explosão, e vagamente imaginei o que estaria acontecendo. Pés chapinharam sobre a lama na minha direção e pensei: 'É ela. Ela está vindo me expulsar daqui com um cabo de vassoura.'
Mas não era ela.
Era o garoto. Em seus braços ele segurava dois grandes pães que devem ter caído no fogo, pois estavam bem chamuscados.
A mãe estava berrando.
– Dê para os porcos, criatura idiota! Por que não? Nenhuma pessoa decente poderia querer um pão queimado!
Ele começou a arrancar pedaços das partes mais chamuscadas e lançou para os animais.
O garoto em momento algum olhou na minha direção, mas eu o observava o tempo todo. Por causa do pão, por causa do vergão avermelhado que eu via em seu rosto. Com que
tipo de objeto ela batera nele?
O garoto deu uma olhada na padaria, como se estivesse se certificando de que a área estava limpa e então, com a atenção de volta aos porcos, jogou um pão na minha direção. Logo em seguida veio o segundo, e ele chapinhou de volta à padaria, fechando com firmeza a porta atrás de si.
Mirei os pães sem conseguir acreditar em meus olhos. Eles estavam bons, perfeitos, na verdade, exceto algumas poucas partes queimadas. Será que o garoto quis que eu ficasse com eles? Acho que sim, porque caíram pertinho de mim. Antes que alguém pudesse testemunhar o que havia acontecido, enfiei os pães embaixo da roupa, apertei a jaqueta contra o corpo e fui embora sem alarde.
Somente na manhã seguinte me ocorreu a ideia de que o garoto pudesse ter queimado o pão de propósito. Talvez ele tivesse jogado os pães nas chamas, mesmo sabendo que seria punido, e depois os tivesse dado a mim. Mas não levei em consideração essa ideia. Deve ter sido um acidente. Por que ele teria feito isso?
Ele nem me conhecia.
'Bem, penso, seremos 24 por lá. Há muita probabilidade de outra pessoa matá-lo antes de mim.'
Mas é claro que, ultimamente, as probabilidades não andam muito confiáveis."

A(morte)cer

Dopada, às vezes é como me sinto. Como se eu tivesse essa explosão de sentimento dentro de mim, apenas esperando para cuminar. Mas apenas continuo em mim, apenas esperando o amortecer passar e as sensações me atingirem.
Tenho aquela angustia no peito, mas talvez tenho me acostumado com você me rejeitando. A questão é porque você tenta criar esperanças para depois me ignorar. Mas por agora, me sinto dopada.
Na verdade, penso no que fazer. Esperar um pouco, talvez, para seguir em frente de vez. Porque decidi que vou reagir como você reage: infantilmente. Porque enquanto você me teve nesse tempo, você vai me perder.
E se arrependerá. Pode apostar.
E olho ao meu redor. E vejo esperanças. Um começo novo. Sim, é difícil desfazer, mas você não me deixa escolhas. Você não corre. Você me deixa. Você solta minha mão.
Você não fala, você silencia.
E eu estou cansada de falar com seu silêncio.
Então, você está me perdendo. E talvez agora não faça efeito, mas vai fazer. Eu só.. sei disso.
Saber. Não espero que ele venha atrás agora. Aliais, sei que não muda eu me sentir desse jeito, porque ele não sabe, ou não se importa, como me sinto. Mas decidi que talvez tenha de eliminar ele de vez na minha vida: "Não, não podemos ser amigos". Se arrependa.
E então, vejo o outro. E tenho esperanças. Porque eu não posso deixar de olhar para o outro e respirar fundo e pensar: "Deus, como ele é lindo." E talvez o outro não seja complicado, dramático. Se importe. Fale comigo, ao menos. Me responda, ao menos.
E sim, talvez eu ainda não esteja pronta para o outro. E sim, estou cansada de últimos avisos invisíveis: a partir de amanhã vou parar de pensar nele, e de não acontecer.
Mas não resta escolha.
Você está fazendo a sua.
Está soltando minha mão.
Então, me resta dopar, amortecer, pra não sentir a dor.
E tentar mergulhar mais uma vez...
Pra alcançar esperanças.

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Vermelho

Cinza.
Minha primeira visão.
Tons de cinza e branco.
Cinza? O céu. Nublado.
Pisco algumas vezes. Umidade. Frio. Cinza.
Me levanto lentamente. Água. Em todo lugar.
E mais cinza.
Dessa vez, blocos enormes de concreto cinza. Prédios.
Mais água.
Algo frio toca minha mão. Olho para ela. Uma caneca rosa, com as bordas enferrujadas.
Vermelho, tecido. Alguns ferros. Olho ao meu redor. Desconforto. Não era um barco. Mas estava flutuando. Sinto o movimento da correnteza.
Me apoio nos braços, e sinto a umidade entrar pelas minhas costas. Vejo o ferro projetando-se do meio de meu modo de locomoção.
Estava dentro de um guarda-chuva. Flutuando.
Meus olhos se movimentam rápido, e minha consciência não está completamente ativa para acompanhá-los. Fecho-os por alguns segundos. Respiro. Abro-os novamente. Tento raciocinar e entender a cena.
Uma cidade alagada, no qual se vê apenas parte dos prédios. Eu estava em um guarda chuva vermelho, com uma caneca dentro. Olho ao meu redor. Alguém? Avisto alguns barcos, com pequenas lanternas penduradas e pessoas aglomeradas em seus interiores. Pequenas ilhas neste caos úmido.
Fecho os olhos mais uma vez. Respiro.
Me ajeito mais para o meio do guarda-chuva, para a água parar de entrar. Entendo a ultilidade da caneca, e começo a enchê-la para me livrar do líquido que mantinha meu guarda-chuva ainda mais afundado.
Estou com frio, e meus dentes tilintam. Meus osso doem e gelam. Meu corpo está entorpecido pela camada gelada, a água, que queima de tão fria.
Usando um pouco de força, ofegante e em desespero, grito para um dos barqueiros, mas eles me ignoram. Seus barcos já estavam lotados.
Olho ao meu redor novamente, em busca de um lugar para parar, ou alguém para me socorrer. Entro em pânico. Me sinto fraca. Poderia morrer em meio aos golpes líquidos. Poderia me render ao frio.
É quando sinto a maré mudar, e as águas ficam mais agitadas.
Então o vejo. Dobrando a esquina desse mar no concreto, vem outro barco. Mas dessa vez muito maior que os outros.
Ele é todo iluminado, por pequenas lampadas ao seu redor, que o contorna sutilmente, e sua parte de cima é aberta. Aparentemente é movido a motor, pois de sua parte traseira, saem bolhas, que agitam tanto a maré. Seu cascalho era vinho desbotado, e em preto se lia o nome: 'Pala's Sword'
Segurando no mastro e olhando para os lados, eu via a figura de um menino. Seus cabelos escuros rebeldes agitavam com o vento forte, e seus olhos estavam estreitos.
Arregalo os olhos diante da imagem, e desisto de tirar a àgua do guarda-chuva - o movimento do barco fez com que ele praticamente inundasse, e eu já estava completamente molhada.
Junto as forças, e lutando para não afogar, grito por socorro.
O menino olha pra mim, e sinto ele me notar.
Então, depois de entender a cena, ele grita algo inaudível entre o som da maré, e vejo alguns homens se aproximarem.
Juntos, arremessam uma corda na àgua, com uma bóia branca presa na extremidade, e ela cai próxima ao meu guarda chuva.
Lutando e movimentando meus braços para me aproximar da bóia, seguro ela com uma mão, mas não saio do guarda-chuva. Tomo cuidado para me assegurar que estou segurando a ambos fortemente, apesar de meu corpo doer com o frio, que parece drenar meu sangue até me sentir vazia, e minhas mãos arderem pelo contato com o ferro do guarda-chuva.
Sinto que eles começam a me puxar, mas minhas forças estão se esvaindo. Fecho os olhos. "Apenas mais alguns metros, apenas mais alguns metros."
Meus dentes tilintam, meu aperto afrouxa, meus olhos lutam contra a escuridão.
"Mais alguns metros."
O frio invade meu cérebro, e abaixo minha cabeça. Sinto meu braço se soltar da bóia.
"Mais..."
Estou quase me rendendo quando sinto algo quente e macio tocar meu braço.
Em um ultimo esforço, entreabro meus olhos.
-Bem Vinda ao Pala's Sword. Você está à salvo agora.
Minha ultima visão foi o mar verde.
Mas o mar verde eram os olhos do menino.
Tudo escurece, e me rendo ao desmaio.

domingo, 14 de agosto de 2011

Feito por Hermione (Autoria de LS)

Lembra quando agente se conheceu? Bom, eu não me lembro do exato momento, mas lembro-me muito bem de que a gente ficou no mesmo quarto (o da mão e da língua na caixa) que usamos a letra da musica “moro num país tropical” e nossa monitora era uma chata irmão da Melody (não vamos citar nomes né?), a Nastácia! Nosso quarto tinha alguma coisa a ver com barulho, se bem me lembro, o barulho das meninas no quarto de cima, cuja monitora era a Pseudo-Pedófila. Tick- tock no relógio, ou seja, o tempo passa e você se tornou uma amiga super especial para mim, ainda naquela temporada. Lembro-me do seu Love Spell que eu não conhecia e tanto amei e, para confessar, é o meu perfume favorito até hoje! Já, desde tão pequenas, curtíamos justo as pessoas erradas. Adquirimos um tipo de amor-platônico (confesso eu ainda presente, mas com quê de atração) por um garoto que desde pequeno já tinha ar de maconheiro e era, sem exageros, lindo e atrativo, o que ele ainda é, porque né... Mas como se a vida já não fosse nos magoar desde jovens: ele era um escroto, metido. Mal sabíamos que esse seria o começo de uma grande (e sofrida) amizade. Recordo-me da quadrilha que dançamos e eu dancei com ele (me achando a super, confesso, por poder andar de braços dados com ele: o weed-boy). É, e assim você conheceu a Hermione.
Fomos nos rever dois anos depois. Eu ainda continuava a gostar de você, mas nossa amizade ainda não era tão unida. Revimo-nos na temporada e ficamos no mesmo quarto: o das vinagretes. Meu carinho por você só aumentava, nos divertíamos para burro... Conheci seu irmão, hoje meu tão grande amigo Lulis, jogamos pebolim e ‘praticamos muito’ (se é que você ainda se lembra dessa piadinha). Aquela temporada foi incrível, a temporada da Grande Família! Incrível, incrível... Ainda assim nossa amizade não era das maiores, mas era muito especial sem sobra de dúvidas. Para falar a verdade não me lembro de muitos momentos com você nessa temporada, recordo-me de nossos banhos em que comentávamos sobre sua amiga que ficou com o Martelo. Ahhh foi também a temporada das pipas de linha, acho que você fez uma para mim! Recordo-me da noite em que fomos ao Jaca de noite para tirar fotos, ainda as tenho, se você quer saber... E ai?
E ai que o tempo passou em mais um aninho e fomos nos rever: a grande temporada de nossa amizade. Fomos separadas de quartos... Confesso que fiquei PUTA, queria muito ficar no seu quarto. Depois ainda chegou uma menina cujo vulgo será Grungie: vocês ficaram super amigas e ela ficou com nosso amor-platônico (apenas comprovou o quão escroto ele era). Além dela, você ficou com o famoso, o inesquecível, incompreensível, causador de dores: Hipster. Ele era meu amigo, pelo menos se tornou na temporada e confesso que fiquei bem triste de saber que ele só ficou meu amigo para se aproximar de você. O famoso, o queridinho das mais velhas. Todos achavam que ele queria ficar comigo quando na verdade era você a escolhida! Ainda bem, afinal, vocês se tornaram Adão e Eva (literalmente). Custa-me lembrar sobre vocês quando na verdade essa temporada foi MUITO importante pra mim, principalmente no ultimo dia quando o fenômeno pelo qual eu mais sofro hoje aconteceu. Olha que irônico: o que mais causa sofrimento em ambas hoje em dia, veio a acontecer nessa temporada, a temporada de 2010. Não me arrependo, espero que você também não. Arrependo-me mesmo é de ter esperando tanto tempo para te contar essa história suja e perturbadora que me consome a cada segundo e me faz perder minha vida pensando em coisas que não deveria. A viagem foi longa para mim, e ainda me assusto de você não ter percebido do meu sumiço no ônibus, mas normal, afinal, você estava com a Grungie e eu com a Martela (que também não se deu conta do meu sumiço por estar enamorada de um tubarão ai). Grande, forte, intensa temporada que eu não esquecerei jamais, especialmente dos últimos momentos: ônibus! Voce terminou com o Hipster, se arrependeu e sofre até hoje. Eu tive que parar de falar com o Pseudo-pedófilo e custa-me até hoje lembrar de sua existência. Mas cá estou hoje eu me reprimindo por sua causa, por causa do abandono ao qual ele me deixou e você pelo abandono que causou ao Hispter.
Nos divertimos no metrô, na galeria do rock, no centro da cidade, em Amparadise, na sua casa, na minha casa, na casa dos seus amigos, com seus amigos, com meus amigos, na minha festa, na pizzada, pintando meu armário, comprando camisetas iguais e vestindo-as, stalkeando, conversando, nos apoiando, chorando, sofrendo, rindo, lendo, tocando, passeando, comento churrasco, tirando foto. De todas as possíveis formas de diversões mais sem graça, com certeza as com você tiveram mais graça! Te amo.

ps. Provavelmente vou me lembrar de mais coisas e me arrepender de não ter posto aqui. Mas o principal, foi citado.

Autoria de L.S.

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Relógio Biológico

Era uma casa bonita.
Ela não se lembrava da cor do portão, mas era uma casa bonita.
Ela se lembrava das árvores. Era uma rua calma, e se recordava das folhas em tom amarelo no chão, e de olhá-las enquanto esperava-o do outro lado da rua.
Do pequeno disparo no peito. De finalmente entender a expressão 'borboletas no estômago', 'frio na barriga'.
Sim, ela se lembrava das folhas no chão, e lembrava do cadarço sempre desamarrado do all star vermelho. De estralar os dedos com o esmalte azul descascado. De estar encostada no carro antigo do pai, olhando para o portão e para o chão, e novamente para o portão. Não queria perder um segundo de visão dele.
E lá estava ela de novo. Mesmo all star. Mesmas folhas. Mesmo esmalte azul.
Mesmo disparo no peito.
Mas, dessa vez era diferente. Aquele era o futuro, e ela tinha medo dele. E do futuro do futuro. No momento em que ele saísse daquele portão, seria diferente. Ele não atravessaria a rua com um sorriso no rosto e a beijaria.
E eles não caminhariam de mão dada até a praça próxima, rindo e felizes em se reencontrarem, e tristes por ser breve. Ela reclamando do cabelo curto. Eles deitados olhando para o céu nublado.
Depois dessas horas, tudo poderia acontecer. Apesar da probabilidade de ela voltar para essa mesma rua chorando, não conseguia conter a chama de esperança em seu coração. De conseguir aquela tarde de volta. O sorriso. O beijo. As mãos dadas.
Ela sente a brisa no rosto. A mesma brisa. Fecha os olhos, e gostaria de poder voltar no tempo. Voltar e fazer diferente. Voltar e dar certo.
Andava pensando muito no futuro. Será que naquela primeira vez, diante daquela casa, ela imaginaria que estaria de volta nessa outra situação? Talvez sim, mas foi boba o suficiente para não prever...
Ela gostaria de voltar no tempo.
Eram as mesmas folhas, o mesmo esmalte.
A mesma casa e o mesmo portão.
Mas nada era o mesmo.

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Ele Problema

O Problema Ele, então.
Não vou parar. Não consigo.
Não consigo parar de pensar no Problema Ele, pelo menos uma vez ao dia, passa pela mente, atinge o coração. Uma pontada, como agulha, como vacina, mas em vez de curar, adoece.
Ele vem na cabeça, passa pelos olhos e sai pela boca. Não me contenho, não consigo. Ou me continha.
As vezes penso que pode ser meu romance exagerado, meu coração de poetisa, o excesso do querer-e-não-ter. Mas talvez sejam as lembranças que pesam no peito. O beijo, os apelidos, o pôr-do-sol, a praça. Como éramos diferentes entre nós e diferentes daqueles ao nosso redor. Diferentes, diferentes...
Seu drama, meu drama, dois atores em um 'Imenso Palco de Loucos' como diria William Shakespeare. Só vivendo intensamente uma pequena parte da vida que era aquele romance, de dois pontos de vistas, dois bons pontos de vistas, apenas que o seu era melhor.
E é por isso que lembro.
Lembro das coisas boas. As coisas ruins não parecem mais me aterrorizar.
E isso é ruim, pois o que me aterroriza agora é o presente.
O presente sem ele.
O que me trás de volta ao Problema Ele.
Mais uma vez aqui, pelo menos uma vez ao dia, revivendo-o.
Não vou parar. Não consigo.
O então, Problema Ele.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Bucólico

Já percebeu como palavras são palpáveis? São como músicas, e cada uma tem um som, uma imagem, uma beleza, uma estranhez, por si só.
Fale em voz alta a palavra adorável. Ela não é melodiosa, meiga, suave? Adorável.
Fale, então, a palavra desafio. Esguia, lisa, ágil. Rápida.
Essas são as boas. Agora diga bucólico. Apesar do significado senil e campestre, a palavra em si me recorda algo como um vermezinho verde, pequenino e simpático.
Palavras são mágicas. Apesar de não serem a única maneira de se expressar, elas significam tanto. Elas mudam tudo. Foi uma palavra que começou um amor. Talvez uma que começou a guerra. Outra que deu origem há uma amizade. Certamente às histórias, à imaginação.
A comunicação é natural do ser humano.
E não há nada mais impactante do que uma palavra dita de modo verdadeiro. Querendo dizer. Preenchendo-a de modo real.
Uma ofensa machuca.
Uma declaração derrete.
Pois é, caro amigo. Palavras mudam vidas. Destinos. Louco de pensar não?
O difícil é saber que elas são gastas à toa em tantas ocasiões.

terça-feira, 12 de julho de 2011

Por Pleb's!

Então, faz dois dias que eu resolvi ter um papo rotineiro com a Leti. Tudo ia bem até que uma invasora apareceu por lá. Me surpreendeu o fato de que ela escrevia corretamente no msn. Gostei do estilo e estou me adaptando. Essa garota, Ana Helena, Aninha para os amigos, é o Brilho de Sol da minha vida. Ela se auto proclama uma adoradora de Athenas cujo o grego é Atina, seu palíndromo é Anita que é Ana em espanhol. Nesse looping constante de nomes, descobri que ela era tão estranha quanto eu. Ela, sem ter a menor noção dos meus hábitos inconvenientes, como trocar o idioma da conversa, simplesmente se adaptou, sendo muito bem receptiva.
Também descobri que tem um gosto musical perfeito, muito similar ao meu. Também descobri que ela possui a mesma paixão em tocar violão. Considero ela uma ótima amiga, isso em apenas 2 dias. Nunca vi ela pessoalmente, e provavelmente não verei-la em breve, mas só de conversar com ela já percebi que ela é uma fofa.
Como a minha criatividade acabou, vou encher mais um pouco de linguiça aqui. Tchau à todos, Beijo-me-liga

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Ok, deve ser a postagem numero 11928393 que falo sobre ele.
Mas é que, porra. Quando isso vai acabar?
Quer dizer, eu superar ele né. Porque tá, já saquei que ele me odeia. Ele não precisa ficar me evitando, ignorando e saindo quando eu entro.
É só que.. eu não queria que as coisas fossem assim. Quando ele gostava de mim, e eu estava com outro, eu pelo menos falava com ele.
Dava chances de abrir meu coração.
Porque eu também não tenho esse direito?
Porque ele não me dá esse direito?
Ele será tão imaturo à esse ponto?
Talvez seja porque agora ele está seguro que estou sofrendo por ele. Mas não estaria ele fazendo exatamente o que eu evitei completamente, e me esburrachei, e dobrei, pra não fazer com ele?
Eu nunca, em cada minuto que convivi com ele, quis fazer ele sofrer. Na verdade, a coisa que mais me torturava, era se ele sofria.
Mas agora, parece que ele não se importa de me ver sofrendo. Parece que gosta.
Então, talvez, eu deva esquecer tudo isso.
Porque talvez ele tenho mudado.
E talvez ele não seja mais aquele menino que eu morria por.
Mas eu queria que fosse,
porque é,
daquele menino,
que eu
sinto
s
a
u
d
a
d
e
s.

domingo, 5 de junho de 2011

Solidão em Atos Simples

Abro a geladeira, certa do que quero. Na gaveta, acho o pão e o queijo, mas sem sinal do presunto. Me conformando, dou de ombros para mim mesma, pois não havia ninguém com quem compartilhar a falta que o presunto faria no meu sanduíche.
Fecho a geladeira e pego uma faca na segunda prateleira de baixo para cima. Solto um palavrão para as paredes, pois não há ninguém para ver que doeu quando bati meu dedo na pia.
Apoio o pão na pia, e ao ver que ele tem a casca, reviro os olhou para ele, já que não há ninguém com quem reclamar o fato de que odeio-as.
Tiro as cascas com a faca e corto quatro pedaços de queijo, despejando-os estrategicamente no pão. Rio da minha inteligência de calcular os pedaços, já que não há ninguém para elogiar uma habilidade inútil no momento.
Pego a tostadeira embaixo da pia e acendo o fogo, fecho-a com o pão dentro, olho pro relógio e encosto na parede, absorvendo-me em meus próprios pensamentos, pois não havia ninguém com quem compartilhá-los.
Ai, como eu queria você aqui, nem que fosse pra fazer esse sanduíche comigo. Para fazer qualquer coisa. Poderíamos fazer brigadeiro e sujarmos o nariz um do outro com chocolate, e experimentar coisas nos dedos um dos outros. Você para reclamar a falta que presunto faz no meu sanduíche, para rir de mim ao bater o dedo e soltar um palavrão, falar que também odeia as cascas do pão. Elogiar ironicamente minha esperteza ao calcular a quantia certa de queijo, e ficarmos conversando enquanto o sanduíche tosta.
Me dei conta que são em atos simples e corriqueiros que sinto sua falta.
Um cheiro de queimado me alcançou, e ao apagar o fogo e bufar ao ver o pão queimado, bufo para meus pensamentos... já que não há ninguém além de mim e eles nessa cozinha.

sábado, 28 de maio de 2011

E o amor?

Amor? Bom, vamos lá... amor. Talvez ele seja como uma rosa, sabe...
Não. Vamos explicar por partes. Meu amor? Bem...
Eu sempre amei o amor. Pelo menos, antes de presenciá-lo. Mentira. Sempre o presenciei. Desde que me lembro por gente, o amor sempre estava lá, dentro de mim. Eu só estava esperando a hora que ele saísse para dar uma voltinha.
Bom, eu sempre amei o amor. Sempre amei ler, também. E que parte da leitura não nos conduz ao amor? É visível, quase uma personificação ao contrário, em forma de palavras, um sentimento impalpável. E eu sempre amei histórias de amor. Finais bons. E finais perfeitos - note-se que eles não são iguais. Só estava esperando o meu amor sair pra dar uma voltinha...
Acho que me apaixonei pela primeira vez na 4º série. Vou dar nomes, porém não completos. Vamos chamá-lo de Philos. Ah, como eu gostava dele... de maneira ingênua. Tudo começou na manhã em que eu realizei que ele parecia um príncipe. Loiro, dos olhos verdes. E ele, bem mais velho, me tratava tão bem. Dizia que me amava, e que ia casar comigo. Obviamente, não de um modo sério. Mas de um modo brincalhão, fraternal. Mas eu levei a sério.
Sim, sofri. Me lembro de chorar, e falar para minha mãe que foi só alguma daquelas vezes em que eu chorava pelos finais dos livros. Mas se passou, conforme foram passando-se o tempo.
E o tempo passou. Eu sempre amava cada vez mais o amor. E com o tempo, não mais de forma ingênua. Eu via minhas amigas darem os primeiros beijos, e terem o primeiro amor...
Até eu conhecer o Eros. Cara, como eu amava ele. Mas com certeza, foi por ele quem eu mais sofri.
Ah, e como sofri. Pois amei ele, mas de uma forma arrebatadora, apaixonada. Sofrida. A partir do momento em que me apaixonei por ele, sofri por ele. Parte por imaturidade minha, parte por imaturidade dele.
Mas ele não foi meu primeiro beijo... Ah, não. Por não olhar o amor como forma mais ingênua, eu sabia que meu primeiro beijo não seria um final perfeito, mas sim, um final bom. Ok, explicar-lhe-ei: sabe quando o final não é como esperado? Por exemplo, o mocinho não fica com a mocinha, mas tudo se encaixa? Não seria tudo às mil maravilhas apenas.. um final certo. Sim um final certo, e era com esse sentimento que eu queria que fosse meu primeiro beijo.
E foi. Foi certo. Foi o melhor primeiro beijo que eu poderia ter tido. E foi com Àgape. Foi no meio da minha fase amadora/sofredora pelo Eros. Não, eu não me senti mal, ou traindo, ou culpada. Eu sabia que meu primeiro beijo não podia ser por alguem que eu estava apaixonada, principalmente quando eu já sabia, no fundo de meu coração que meu amor/sofrer não duraria muito. Afinal, quais são as chances de o cara do seu primeiro beijo ser o cara do seu final perfeito?
Então, meu primeiro beijo foi com Àgape.
E assim se passou.
Comecei a namorar/sofrer (sempre incluir o sofrer) Eros, e estava indo tudo bem (ou não tão bem assim) até Àgape se declarar por mim. Aparentemente, para ele, nosso beijo havia sido mais 'perfeito' do que 'certo'.
E eu odiava isso. Pois toda vez que ele falava comigo, eu sentia, eu me identificava na dor. Eu fazia ele sofrer tanto quanto eu sofria, e isso me deixava uma angustia quase tão ruim quanto o próprio sofrer.
Ok, agora voltemos à analogia do começo da história, aquele de que sempre tive o amor dentro de mim, e que eu só esperava ele sair para dar uma voltinha? Pois bem, com Eros não foi assim.
Meus sentimentos em relação à ele eram tão sofridos, arrebatadores, imaturos e entregues, tão adolescentes, e ele era tão frio e corrompido em relação à mim, que meu amor, em vez de dar uma volta, foi cavado. Como terra, com um buraco no meio.
E, no meio disso, Àgape me curava.
Acabei por terminando com Eros. E aos poucos, Àgape foi me preenchendo, me trazendo de volta, trazendo meu amor de volta... Até eu me sentir completa de novo. E essa foi a primeira vez que o amor decidiu dizer adeus à dentro de mim, e não só passear, mas se mudar para meu relacionamento com Àgape.
E foram os melhores dias.
Os dias mais completos.
Até que olhei para Àgape, um dia, após mais um de meus surtos impacientes de sugação de amor. Percebi que talvez eu não o preenchesse. Será que enquanto ele fazia tão bem à mim, eu fazia tão mal à ele?
E aquele sentimento horrível de culpa voltou. Ele me consumia completamente, e eu não conseguia mais pensar em Àgape sem relembrar o que eu talvez estivesse fazendo com ele.
E foi aí que minha imaturidade reagiu de novo, e eu fiz a pior escolha de toda minha vida.
Decidi terminar com ele.
Foi a uma hora mais díficil de minha vida. Em uma hora, pensei no mínimo umas 12 vezes em desistir. Enxugar as lágrimas dele com meus lábios, e dizer: esqueça tudo que eu disse. Pare de olhar a praça, o céu, pare de sentir o vento, me abrace, esqueçamos.
Mas eu olhava suas lágrimas e me lembrava. E ele então menciona uma menina.
Foi quando meu ciúme agiu junto com a imaturidade e egoísmo: "Bom, talvez eu esteja fazendo uma coisa certa". Mal sabia que estava sendo injusta e mesquinha, e apenas piorando minha situação.
E meu egoísmo, ah, meu egoísmo. Eu achava que por estar completa de novo, meu amor apenas voltaria para mim. Mas como eu estava errada.
Àgape, ao ser retirado de minha vida, foi retirando também seu amor de volta, me deixando vazia de novo.
E hoje ainda tenho espera que eu possa repreenchê-lo, e com Àgape. Eu sinto falta dele. De nossas risadas, piadas, beijos, beijos e beijos, e abraços, e viagens, e como na época, todas as músicas me lembrarem dele ser algo tão maravilhoso, agora ser algo tão doloroso.. pois todas as musicas me lembram ele.
Mas eu o machuquei. Eu o deixei vazio. E quem sabe agora ele não esteja repreenchendo esse vazio com outro alguem, ou até mesmo sozinho, ou já o preencheu. Eu tenho de dar esse direito à ele.
E então me pergunta: 'Ah, o amor?'
Seria de se esperar, que depois de minhas palavras exageradas, e menções negativas mais numerosas que positivas, eu diga que deixei essa inocencia de lado.
Mas não.
Talvez, eu esteja sendo tola por ainda pensar desse modo. Mas concluí que o amor talvez seja como uma rosa...
Há os espinhos, que machucam e ferem, e há o vermelho, que arrebata e atinge...
Mas há o perfume doce e tenro. Que acalenta, e chega à você antes dos outros, e completa.
E toda vez que eu vejo um final perfeito, eu sinto um aperto no coração, de um jeito bom. Como se eu sentisse esse cheiro. É quando a gente pensa: eu quero esse perfume pra mim, um frasco todinho dele.
E talvez eu esteja sendo boba querendo um final feliz de amor para mim, e talvez eles não existam. Mas enquanto eu sentir esse aroma, eu vou crer nele...
Para pelo menos, ter um final bom, ou certo.
Então, amor? Talvez ele seja como uma rosa, e acho que de vez em quando ele resolve sair por ai.. para espalhar seu perfume.
Só tome cuidado para não se espetar.









P.S.: Explicação dos nomes: Não quis por os nomes verdadeiros, por meus motivos bobos e criativos que algum dia algum dos três chegue a ler esse post. Então, me recordei (incrivelmente, depois que formulei o texto, e percebam como até as palavras se encaixam) do conceito grego, de que existe três tipo de amor, e eles se acasalaram completamente e perfeitamente em seus devidos papéis, de maneira que se poderia dizer, quase 'destinosa', certa.
Philos seria o amor fraternal, de amizade e inocencia.
Eros seria a paixão arrebatadora e carnal, passio (paixão por significado de sofrimento), que mata, que faz doer e se entregar fisicamente.
E Àgape é o amor que perdoa, não arde em ciúme, é paciente, é benigno.
Os nomes se encaixaram perfeitamente, certo?

Metamínia do inexistente

Cheguei à conclusão, que talvez o amor seja como uma rosa. A parte da paixão, seria o vermelho, a parte da ternura, o perfume doce, a parte dolorida, os espinhos. No conjunto, algo belo e intimidador.

Noite Eterna, Claudia Gray

"Com cuidado, embrulhei o broche em uma de minhas encharpes de inverno, aninhando-a no fundo de uma das gavetas da cômoda. Então quase joguei fora o envelope, para esconder as evidencias, mas percebi que havia algo mais dentro dele. Um cartão, daqueles mais caros, vendidos em museu, de papel grosso e brilhante e com um quado estampado: O Beijo, de Klimt. Desviei os olhos para a gravura identica pendurada ao lado de minha cama. A mesma que ele havia visto quando estávamos aqui, rindo e conversando e namorando, durante aqueles breves meses que ficamos juntos.
Solenemente, abri o cartão e li o que estava escrito.


Bianca, tenho que ser breve. Você precisa destruir este cartão assim que terminar de ler, porque seria perigoso para você se a sra. Bethany o descobrisse. E eu te conheço. Se eu escrever demais, você vai guardá-lo para sempre, não importa quão perigoso que seja.

Tive que sorrir. Lucas de fato me entendia.


Eu estou bem, assim como minha mãe e meus amigos, graças a você. Você foi mais forte do que eu poderia ter sido aquele dia. Eu não teria tido coragem de dizer-lhe adeus.
E não estou dizendo adeus agora.
Vamos estar juntos de novo, Bianca. Não sei onde, nem quando, mas sei disso, sem dúvida alguma. Não poderia ser de outra forma.
Tenho que acreditar nisso. Porque acredito em você.


- Eu acredito nisso, Lucas - sussurrei. Nós nos reencontraríamos algum dia, e tudo que eu precisava fazer era aguentar até que esse dia chegasse. De algum modo, Lucas e eu acharíamos um modo de estar juntos de novo.
Coloquei o cartão junto a meu peito. Eu o queimaria daí alguns minutos, mas ainda não, não naquele momento."

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Anonymous

The subway sways, back and forth, everyday. Everyone was anonymous, even face to face. He stared down at the tiles, seeing only feet and ankles for miles, while the music put him on another world. The door opens and closes, opens, another rider sneaks in. It closes again. The music gets louder. Louder. It had to compete with the accelerating subway.
He sat alone, towards the rear of the train. His forehead kissed the glass window. His ear buds snugged tight. He seemed pretty still, eyes closed, he bundled his sweater into a ball and placed it on his left shoulder. Soft. He could feel the vibrations of the train and the heavy beat of the music. His feet tapped the floor in harmony with the hard beat. Tap tap.

The music gave him peace. It allowed him to think. He felt connected. He sensed a pair of eyes on him, but he didn’t care. He had no specific destination. He stepped off the platform and could feel the thunder of the subway. He blended in. Everyone was anonymous, but everyone had a story.

sábado, 7 de maio de 2011

Eu nunca estive tão sozinha. Tão mal.
Juro, estou decepcionada com todos. A mim mesma. Meus pais. Meus irmãos. Meus (não tão) amigos.
Todo mundo.
Ninguem me ajuda. Ninguem me suporta. Ninguem se importa.
Eu não aguento mais.
É é difícil até de escrever porque eu não enxergo nada, atraves da lágrimas, e meus dedos não param de tremer por causa dos soluços.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Mais uma

Porque entende? Porque eu sou tão idiota. Cara você me amava, de verdade. E eu fui idiota. E eu posso ter te perdido pra sempre.

E lembra de todos aqueles sentimentos ruins que você me contou? É, eu estou tendo eles agora. Mas eu não queria. Nem por um segundo eu queria que você tivesse eles. Nem naquele momento em que fui eu quem os causei. E eu só causei por medo de causar. Foi isso.

E agora cá estou eu. Chorando, e gripada. Tossindo. Deitada. Sem conseguir dormir. Pensando em você como penso sempre desde aquela vez em que nos reencontramos e eu me dei conta da burrada que eu fiz, dia após dia. Pensando em você.

E tudo me lembra você. Todas as músicas de todas os albuns de todos os artistas. Sabe, como eu costumava dizer o quão legal era que todas as musicas me lembravam você? Agora é tortura.

Cada canto em que nos beijamos, que saimos, que vivemos, e até naqueles em que não.

Cada vez que olho pro telefone, lembrando as vezes em que fiquei horas olhando pra ele, para ver se você ligava. E quando você ligava, e eu passava mais horas conversando com você.

E a espectativa de abrir meu celular. Nossa, aquela fração de segundo era um turbilhão. E ver algo que não era meu maldito plano de fundo, mas sim uma mensagem sua, era a coisa mais linda do mundo.

E quando você pôs meu despertador em horas iguais sem eu saber. Só pra eu olhar e saber que você estava pensando em mim.

E eu sei que estava.

Porque você sempre esteve. Lá, pensando em mim. Cuidando de mim. Esperando por mim. Me amando.

Eu só não estive lá por você.

E agora você não está para mim.

Então, cá estou eu. Chorando, e gripada. Tossindo. Deitada. Sem conseguir dormir. Pensando em você como penso sempre desde aquela vez em que nos reencontramos e eu me dei conta da burrada que eu fiz, dia após dia. Pensando em você.

segunda-feira, 14 de março de 2011

Aonde menos se espera

"-Eu só não vejo o amor assim dessa forma tão rasa, sentimentalóide. O amor é muito mais complexo do que você imagina.
Ele nega com a cabeça:
-Não. O amor é muito simples. Complexa é a maneira com que a gente vê ele. Mas não se preocupe, você não vai fazer parte desse muro do amor. Você é imune a esse tipo de sentimento. Raso, piegas, e sentimentalóide."

Renato e Luiza

Centésimo

Bom, post numero 100. Especial sobre o que eu faço, escrever.

“Sou mulher e escrevo. Sou plebeia e sei ler. Nasci serva e sou livre. Vi na minha vida coisas maravilhosas. Fiz na minha vida coisas maravilhosas. Durante algum tempo o mundo foi um milagre. Depois a escuridão voltou. (..) As Boas Mulheres rezam. Eu escrevo. É a minha maior vitória, a minha maior conquista, o dom de que me sinto orgulhosa; e embora as palavras estejam a ser devoradas pelo grande silêncio, constituem hoje a minha única arma."

-RM

terça-feira, 1 de março de 2011

O Melhor Amigo do Homem

Ah, o profundo mundo dos livros. Meus companheiros em preto e branco serão sempre convidados à companhia de seus infinitos braços leves me abraçarem com suas palavras em tinta.
Ah, o maravilhoso mundo dos livros. Sete vidas, mil vidas. Indas e vindas. Amores, tragédias, conquistas. O ser humano em sua pureza. O ser descritivo. Ou o ser ou não ser, eis a questão.
Ah, o impressionante mundo dos livros. Eterno. Viajar parado. Parar viajando. Estimado, tolerado, ignorado. São poucos mas muitos aqueles que desvendam seus mistérios reais. Sortudos são eles, pois palavras são ações. O que seriam das palavras sem as ações, e o que seria da linguagem sem as palavras?
Ah, o companheiro mundo dos livros. Fugir, viver. Pois a imaginação é real. É real? É real. E nada é mais original que sua própria imaginação. E nada mais um livro é do que sua imaginação.
Ah, o mundo dos livros...

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

(S)Cem Motivos

Eu quero um motivo para ficar.
Um motivo para gostar.
Um motivo para não querer ir.
Um motivo para sentir saudades.
Um motivo para chorar,
Um motivo para sorrir.
Um motivo para pensar.
Um motivo para me distrair.
Um motivo para sonhar acordado.
Um motivo para parecer que a realidade é sonho.
Um motivo para acordar.
Um motivo para fechar os olhos.
Um motivo para esquecer.
Um motivo para lembrar.
Seja meus motivos.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Desvio

Depois me perguntam por que eu gosto de ler. Quer saber a verdade?
Qualquer coisa que me tire dessa porra dessa vida está ótimo pra mim, nem que seja só de faz-de-conta.
Fones de ouvidos ligados, mundo desligado. Ah, melhor assim.
Palavras e problemas escritos? Londres, Paris, Nova Iorque, Terra do Nunca. Longe de meus problemas, sentimentos, estorvo. Longe de mim mesma.
Qualquer coisa para que minha mente desvie.
Para onde desvia?
Talvez para um lugarejo minúsculo com território demarcado, próximo à Terra perdida do Futuro (onde ninguém nunca chega), um lugarejo chamado Esperança.
Talvez para esse, ou talvez para lugar nenhum.
A maioria das vezes a segunda opção é melhor.
Tem menos curvas, o índice de acidentes é mais baixo e não faz tanto calor.

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

[CENSURADO] o que eles pensam.

Conceito de paranóica, esquizofrênica, louca.
Ultimamente uma certa frase vem se passando com freqüência de boca em boca ao meu redor, conseqüentemente registrada em minhas memórias, frase dita mais frequentemente do que se considera, devido à linguagem imprópria, porem presente na maioria dos dicionários de língua portuguesa: "Foda-se o que os outros pensam".
Sempre adorei tal lema - símbolo de pessoas fortes e maduras, estampado em suas testas e quem ganhando de brinde um gesto obsceno do dedo do meio, se vir a calhar, a demonstração de rebeldia perspicaz, e, sejamos sinceros, idiota.
Apesar de admirar tal coragem, - pelo menos daquele que realmente diz para dizer o significado, filosofando a sentença - nunca achei que fosse encaixar à mim mesma, pois sempre fui tão exposta e sensível à tediosa fragilidade adolescente (mais conhecida como Rainha do Drama) que sempre me importei, fultilmente (como não se espera mais do que isso ao se importar) com o pensamento alheio.
Mas cá estava eu hoje, hoje, passado certo tempo depois de todas as ocasiões com a frase em pauta, relaxando como sempre debaixo da chuva, deitada no portão de casa, de olhos fechados, estatelada, sentindo os pingos, quando passam alguns vizinhos.
Só ouço pelo barulho que atrapalha meu momento de meditação, mas talvez fosse apenas ignorá-los se não tivesse começado aquele comichão incansável que sentimos num ponto estratégico abaixo da orelha, quando sentimos que falam da gente.
Abro um olho, tomando cuidado para um pingo-filha-da-mãe não atingi-lo no exato segundo do meu ato, e me deparo com três mulheres e o policial que mora na casa ao lado, parados, embaixo de seus guardas chuvas cochichando e olhando pra mim. Praticamente gnomos ou oompa-loompas, da minha visão periférica inferior.
Ao perceberem meu olhar esgueiro, disfarçam e votam ao seu caminhar.
Sinto mais alguns pingos no rosto, e não ia deixar aquele momento próprio, rotineiro e essencial desfalecer-se por um bando de duendes que espiam os momentos de meditação na garagem alheia, ou no caso oportuno - seria a minha.
E pensei, "Sinceramente? Foda-se o que eles pensam."
Neste momento minha mente se desencadeia em uma série de momentos partilhados dessa mesma frase, me recordando a várias lembranças, ato que os franceses - com sua mania de nomeador e inventar palavras à tudo - nomearam de "Deja vú" (se não souber, procure se informar, essa é uma palavra de magia unica e imprescindível).
E me senti rebelde, idiota, e, de certa forma, liberta.
Continuei a meditar sob a chuva.
Adolescentes são tão previsíveis.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

O Nome Do Vento

"Meu nome é Kvothe, com pronúncia semelhante à de ‘Kuouth’. Os nomes são importantes, porque dizem muito sobre as pessoas. Já tive mais nomes do que alguém tem o direito de possuir.

Meu primeiro mentor me chamava de E’lir, porque eu era inteligente e sabia disso.

Minha primeira amada de verdade me chamava de Duleitor, porque gostava desse som. Já fui chamado de Umbroso, Dedo-Leve e Seis-Cordas. Fui chamado de Kvothe, o Sem-Sangue; Kvothe, o Arcano; e Kvothe, o Matador do Rei. Mereci esses nomes.

Comprei e paguei por eles.

Mas fui criado como Kvothe. Uma vez meu pai me disse que isso significava ‘saber’.

Fui chamado de muitas outras coisas, é claro. Grosseiras, na maioria, embora pouquíssimas não tenham sido merecidas.

Já resgatei princesas de reis adormecidos em sepulcros. Incendiei a cidade de Trebon.

Passei a noite com Feluriana e saí com minha sanidade e minha vida. Fui expulso da Universidade com menos idade do que a maioria das pessoas consegue ingressar nela.

Caminhei à luz do luar por trilhas de que outros temem falar durante o dia. Conversei com deuses, amei mulheres e escrevi canções que fazem os menestréis chorar.

Vocês devem ter ouvido falar de mim."

Dor

Eu fui tão estupidamente idiota, quero tudo de volta, agora por favor.
Tudo voltou como um furacão só que agora pior, porque não é correspondido.
Me sinto uma idiota carente pensando, por favor, me ame, me ame, me ame. E não posso deixar de pensar que mereci tudo isso.
Quero você de volta. Por favor, me ame de novo. Por favor, que as coisas voltem a ser como eram antes.
Por favor.
Eu odeio isso, quero voltar no tempo e me impedir de fazer aquela horrível decisão.
Quero você de volta.
Por favor.
Um pedido desesperado.