domingo, 5 de junho de 2011

Solidão em Atos Simples

Abro a geladeira, certa do que quero. Na gaveta, acho o pão e o queijo, mas sem sinal do presunto. Me conformando, dou de ombros para mim mesma, pois não havia ninguém com quem compartilhar a falta que o presunto faria no meu sanduíche.
Fecho a geladeira e pego uma faca na segunda prateleira de baixo para cima. Solto um palavrão para as paredes, pois não há ninguém para ver que doeu quando bati meu dedo na pia.
Apoio o pão na pia, e ao ver que ele tem a casca, reviro os olhou para ele, já que não há ninguém com quem reclamar o fato de que odeio-as.
Tiro as cascas com a faca e corto quatro pedaços de queijo, despejando-os estrategicamente no pão. Rio da minha inteligência de calcular os pedaços, já que não há ninguém para elogiar uma habilidade inútil no momento.
Pego a tostadeira embaixo da pia e acendo o fogo, fecho-a com o pão dentro, olho pro relógio e encosto na parede, absorvendo-me em meus próprios pensamentos, pois não havia ninguém com quem compartilhá-los.
Ai, como eu queria você aqui, nem que fosse pra fazer esse sanduíche comigo. Para fazer qualquer coisa. Poderíamos fazer brigadeiro e sujarmos o nariz um do outro com chocolate, e experimentar coisas nos dedos um dos outros. Você para reclamar a falta que presunto faz no meu sanduíche, para rir de mim ao bater o dedo e soltar um palavrão, falar que também odeia as cascas do pão. Elogiar ironicamente minha esperteza ao calcular a quantia certa de queijo, e ficarmos conversando enquanto o sanduíche tosta.
Me dei conta que são em atos simples e corriqueiros que sinto sua falta.
Um cheiro de queimado me alcançou, e ao apagar o fogo e bufar ao ver o pão queimado, bufo para meus pensamentos... já que não há ninguém além de mim e eles nessa cozinha.

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