domingo, 8 de novembro de 2009

O caçador de mistérios

Ela era de longe a moça mais bonita do lugar.
Sob a luz fraca da taverna, ela estava sentada na mesa perto do balcão, olhando para a porta pela qual entrei.
Seu vestido deixava o colo e o ombro aparecendo, e como estava com os cabelos presos num nó ao alto da cabeça, o colar em seu pescoço, uma corrente com um coração de prata, se destacava.
Sua pele era branca, os cabelos castanhos arruivados e os olhos escuros. Com sua boca vermelha em formato de coração, parecia uma boneca. Seu vestido vermelho vinho contrastava com sua pele branca.
Todo homem naquele lugar a desejava, isto estava óbvio, porém nem um se atrevia a chegar perto, nem os mais bêbados ou os mais sóbrios.
E ela continuava com o olhar fixo à porta, esperando alguém, e esperando e esperando.
Cheguei junto ao balcão, e logo perguntei dela ao taverneiro, um senhor com cabelos brancos na altura do ombro, e um nariz pontudo. Ele enxugava os copos enquanto falava.
"Ah, nossa querida Lucie. Eu a vi crescer correndo por ai, e a vi se apaixonando. Se apaixonando pelo único homem que nunca teria: Jakk."
Fiquei intrigado, pois sou novo nessas bandas. E essa pacata cidade, Red Lake, é conhecida por seus mistérios, e todos têm a impressão de que suas casas escondem um segredo enorme. Foram estes boatos que me atrairam á região, e nesta conversa com o taverneiro farejei que renderia algumas informações para uma nova aventura.
Virei meu copo e entreguei à ele, com a intenção que o enchesse de novo.
"Quem é este Jakk que é tolo o suficiente para recusar a criatura mais bela que já presenciei?"
O taverneiro pegou a garrafa e encheu meu copo até a borda. Entregou-o para mim, apoiou o cotovelo no balcão e fez o sinal para que eu chegasse mais perto.
"Eu supostamente não deveria contar para ninguém, meu amigo, mas gostei de você, portanto vou de dar um conselho"- disse ele, num sussurro."Estou acostumado com viajantes querendo saber de nossa Lucie, e porque nem um homem se atreve a cortejá-la. As vezes um tolo tenta, e acaba desaparecido. Portanto, eu te digo: fique longe de Lucie."
Olhei assustado para o taverneiro, que voltava a enxugar os copos. Ele agora olhava para Lucie, que por sua vez continuava a olhar para a porta.
Voltei à minha bebida, a esvaziando com um gole novamente. Quem seria Jakk, e por que recusara o amor de Lucie? O que acontecia aos homens que desapareciam ao cortejar a bela mulher?
Senti que o mistério de Red Lake estava sob minhas mãos.
E eu ia desvendá-lo.
Afinal, este è meu trabalho.

Nenhum comentário:

Postar um comentário