sexta-feira, 27 de novembro de 2009

O caçador de mistérios PARTE 1, 2 e 3

Clique aqui para ler a parte 4


(parte 1)
Ela era de longe a moça mais bonita do lugar.
Sob a luz fraca da taverna, ela estava sentada na mesa perto do balcão, olhando para a porta pela qual entrei.
Seu vestido deixava o colo e o ombro aparecendo, e como estava com os cabelos presos num nó ao alto da cabeça, o colar em seu pescoço, uma corrente com um coração de prata, se destacava.
Sua pele era branca, os cabelos castanhos arruivados e os olhos escuros. Com sua boca vermelha em formato de coração, parecia uma boneca. Seu vestido vermelho vinho contrastava com a cor de sua pele.
Todo homem naquele lugar a desejava, isto estava óbvio, porém nem um se atrevia a chegar perto, nem os mais bêbados ou os mais sóbrios.
E ela continuava com o olhar fixo à porta, esperando alguém, e esperando e esperando.
Cheguei junto ao balcão, e logo perguntei dela ao taverneiro, um senhor com cabelos brancos na altura do ombro, e um nariz pontudo. Ele enxugava os copos enquanto falava.
"Ah, nossa querida Lucie. Eu a vi crescer correndo por ai, e a vi se apaixonando. Se apaixonando pelo único homem que nunca teria: Jakk."
Fiquei intrigado, pois sou novo nessas bandas. E essa pacata cidade, Red Lake, é conhecida por seus mistérios, e todos têm a impressão de que suas casas escondem um segredo enorme. Foram estes boatos que me atrairam á região, e nesta conversa com o taverneiro farejei que renderia algumas informações para uma nova aventura.
Virei meu copo e entreguei à ele, com a intenção que o enchesse de novo.
"Quem é este Jakk que é tolo o suficiente para recusar a criatura mais bela que já presenciei?"
O taverneiro pegou a garrafa e encheu meu copo até a borda. Entregou-o para mim, apoiou o cotovelo no balcão e fez o sinal para que eu chegasse mais perto.
"Eu supostamente não deveria contar para ninguém, meu amigo, mas gostei de você, portanto vou de dar um conselho"- disse ele, num sussurro."Estou acostumado com viajantes querendo saber de nossa Lucie, e o porque de nem um homem se atrever a cortejá-la. Às vezes um tolo tenta, e acaba desaparecido. Portanto, eu te digo: fique longe de Lucie."
Olhei assustado para o taverneiro, que voltava a enxugar os copos. Ele agora olhava para Lucie, que por sua vez continuava a olhar para a porta.
Voltei à minha bebida, a esvaziando com um gole novamente. Quem seria Jakk, e por que recusara o amor de Lucie? O que acontecia aos homens que desapareciam ao cortejar a bela mulher?
Mexi meu copo, admirando a pedra de gelo derretendo ao fundo.
Senti que o mistério de Red Lake estava sob minhas mãos.
E eu ia desvendá-lo.
Afinal, este è meu trabalho.



(parte 2)

Ao começar a me sentir meio zonzo por causa da bebida, decidi ir embora. Me despedi do taverneiro, que se apresentou como Joe,e dei mais uma olhada para a bela Lucie, que continuava a esperar sentada no banco, olhando para a porta.
Saí da taverna, e demorei um pouco para me lembrar em que direção ficava minha hospedaria. A cidade era pequena, porém as ruas iguais. Todas marcadas pelas casas de madeira,o chão de terra, o mesmo ar de mistério. Era quase visível esse véu de segredo, de tão intenso.
Fui andando conforme meu instinto dizia, já estava tarde e não se via ninguém no caminho.
Fui parar em uma rua escura, e em seu final se via uma floresta. Localizei minha hospedaria no final da rua, e fui caminhando em sua direção.
Porém, ao chegar perto do meu destino, vi algo se mover entre os arbustros na floresta. Era uma sombra, apertei os olhos para enxergar melhor e me movi para uma posição de alerta e defesa.
Demorei um tempo para identificar com o que a sombra se parecia. Virei a cabeça e me aproximei um pouco. Lembrava um cão, porém diferente, um pouco maior e com um focinho fino.
Aquela figura me lembrava muito um coiote.
Então, rápida como surgiu, a criatura desapareceu.
Refleti, consternado. Talvez fosse apenas mais uma alucinação de minha embriaguez, ou meus olhos estavam me pregando uma peça, pois me recordo que coiotes só encontrei em minhas expedições mais ao sul, e que nesta região não havia deles.
Como ele havia sumido entre as sombras, resolvi equecê-lo.
Entrei em minha hospedaria, e como não havia ninguém para me recepcionar, subi direto para meu quarto.
Suspirei e acendi uma vela para iluminar o ambiente. Fazia dias que não dormia sob um teto, a viagem fora longa e cansativa.
Tirei minha pistola de bolso, a Rose. Companheira de viagens, deixei-a embaixo do travesseiro, pois foi mais de uma vez que recebi uma visita inesperada no meio da noite.
Após me lavar, sentei em minha cama e decidi que pela manhã pediria informações à dona da hospedaria, Helen. Ela se apresentou como uma moça gentil e atraente, com cabelos loiros longos e voz macia. Tenho certeza de que não se importaria de passar informações sobre alguma biblioteca na região, já que fora ela que me indicara a taverna.
Estava exausto, então decidi que merecia uma noite de descanso. O sono já me dominava e minhas pálpebras estavam pesadas, então deitei-me.

(parte 3)
Acordei cedo, e percebi que a cidade não era sombria apenas á noite, mas também de manhã.
Me lavei rapidamente, me vesti, peguei Rose e desci as escadas em direção à portaria. Estava com um leve latejar na cabeça, um pouco de ressaca da noite anterior.
Na recepção estava Helen, graciosa e meiga. Ao me ver ela sorriu, pediu licença ao cliente com qual conversava e caminhou até minha direção.
"Deseja algo senhor?" disse ela na voz macia. Hoje ela usava um vestido azul claro, que combinava com sua pele rosada.
"Sim, eu gostaria de algumas informações" eu disse olhando-a nos olhos, gentis e castanhos, e perguntei sobre a biblioteca municipal. Ela disse que se quisesse, me acompanharia, os arquivos estavam velhos e seria dificil de encontrar o que eu queria.
Refleti sobre o convite. Por um lado, eu preferiria que minha investigação ficasse em sigilo, por talvez desagrado dos moradores, ou apenas por superstição, mas por outro lado, a compania de Helen era agradável, e eu precisaria de ajuda com os documentos.
Resolvi aceitar a ajuda de Helen. Ela se retirou por alguns instantes, e voltou com a notícia de que sua prima poderia ocupar o lugar na recepção por alguns instantes, já que logo pela manhã não havia tanto movimento. Foi apanhar seus pertences, e saímos juntos da hospedaria.



PS: parte 3 temporária.

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