quarta-feira, 31 de agosto de 2011

I wanna hold your hand

Segurar suas mãos. Quentes, macias. Sentir sua pele tocar a minha. Não ver mais aquele momento em que você a soltou.
Segura minha mão. Diz que não quer me ver ir embora. Diz que não quer me soltar. Que você quer segurar minhas mãos.
Segurando as mãos. Um momento, nem que seja, mas que dure pra sempre. Que queira que dure pra sempre. Mesmo que nos separemos. Deixar as incertezas de lado. Nada de insegurança. Apenas eu e você, conectado pelo elo. A energia fluindo pelos braços. O toque eletrizante. O significado do choque. O momento marcado, sem distancia, sem você me olhando e soltando minha mão depois da nossa dança.
Não me deixa cair. Não me deixa escapar.
Então que eu saiba que tenho sua mão para me segurar.
Porque você está soltando minhas mãos?

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Luis Fernando Veríssimo

"Lembro-me como se fosse há oito bilhões de anos. Eu era uma célula
recém-chegada do fundo do miasma e ainda deslumbrado com a vida agitada da
superfície, e você era de lá, um ser superficial, vivida, viciada em amônia, linda,
linda. Nós dois queríamos e não sabíamos o quê. Namoramos um milhão de
anos sem saber o que fazer, aquela ânsia. Deve haver mais do que isto, amar
não deve ser só roçar as membranas. Você dizia "Eu deixo, eu deixo", e eu dizia
"O quê? O quê?", até que um dia. Um dia minhas enzimas tocaram as suas e
você gemeu, meu amor, "Assim, assim!". E você sugou meu aminoácido, meu
amor. Assim, assim. E de repente éramos uma só célula. Dois núcleos numa só
membrana até que a morte nos separasse. Tínhamos inventado o sexo e vimos
que era bom. E de repente todos à nossa volta estavam nos imitando, nunca
uma coisa pegou tanto. Crescemos, multiplicamo-nos e o mar borbulhava. O
desejo era fogo e lava e o nosso amor transbordava. Aquela ânsia. Mais, mais,
assim, assim. Você não se contentava em ser célula. Uma zona erógena era
pouco. Queria fazer tudo, tudo. Virou
ameba. Depois peixe e depois réptil, meu amor, e eu atrás. Crocodilo, elefante,
borboleta, centopéia, sapo e de repente, diante dos meus olhos, mulher. Assim,
assim! Deus é luxúria, Deus é a ânsia. Depois de bilhões de anos Ele acertara a
fórmula. "É isso!", gritei. "Não mexe em mais nada!"
— Quem sabe mais um seio?
— Não! Dois está perfeito.
— Quem sabe o sexo na cabeça?
— Não! Longe da cabeça. Quanto mais longe melhor! Linda, linda. Mas
algo estava errado. Não foi como antes.
— Foi bom?
— Foi.
— Qual é o problema?
— Não tem problema nenhum.
— Eu sinto que você está diferente.
— Bobagem sua. Só um pouco de dor de cabeça.
— No caldo primordial você não era assim.
— A gente muda, né? Nós não somos mais amebas.
E vimos que era complicado. Nunca reparáramos na nossa nudez e de
repente não se falava em outra coisa. Você cobriu seu corpo com folhas e eu
construí várias civilizações para esconder o meu. "Eu deixo, eu deixo — mas não
aqui." Não agora. Não na frente das crianças. Não numa segunda-feira! Só
depois de casar. E o meu presente? Depois você não me respeita mais. Você vai
contar para os outros. Eu não sou dessas. Só se você usar um quepe da
Gestapo. Você não me quer, você quer é reafirmar sua necessidade neurótica de
dominação machista, e ainda por cima usando as minhas ligas pretas. O quê?
Não faz nem três anos que mamãe morreu! Está bem, mas sem o chicote. Eu
disse que não queria o sexo na cabeça, Senhor!
— Nós somos como frutas, minha flor.
— Vem com essa...
— A fruta, entende? Não é o objetivo da árvore. Uma laranjeira não é
uma árvore que dá laranjas. Uma laranjeira é uma árvore que só existe para
produzir outras árvores iguais a ela. Ela é apenas um veículo da sua própria
semente, como nós somos a embalagem da vida. Entende? A fruta é um
estratagema da árvore para proteger a semente. A fruta é uma etapa, não é o
fim. Eu te amo, eu te amo. A própria fruta, se soubesse a importância que nós
lhe damos, enrubesceria como uma maçã na sua modéstia. Deixa eu só
desengatar o sutiã. A fruta não é nada. O importante é a semente. E a ânsia, é o
ácido, é o que nos traz de pé neste sofá. Digo, nesta vida. Deixa, deixa. A flor,
minha fruta, é um truque da planta para atrair a abelha. A própria planta é um
artifício da semente para se recriar. A própria semente é apenas a representação
externa daquilo que me trouxe à tona, lembra? A semente da semente, chega
pra cá um pouquinho. Linda, linda. Pense em mim como uma laranja. Eu só
existo para cumprir o destino da semente da semente da minha semente. Eu
estou apenas cumprindo ordens. Você não está me negando. Você está
negando os desígnios do Universo. Deixa.
— Está bem. Mas só tem uma coisa.
— O quê?
— Eu não estou tomando pílula.
— Então nada feito.
Mais, mais. Um dia chegaríamos a uma zona erógena além do Sol. Como
o pólen, meu amor, no espaço. Roçaríamos nossas membranas de fibra de
vidro, capacete a capacete, e nossos tubos de oxigênio se enroscariam e
veríamos que era difícil. Eu manipularia a sua bateria seca e você gemeria como
um besouro eletrônico.
Um dia estaríamos velhos. Sexo, só na cabeça. As abelhas andariam a pé, nada
se recriaria, as frutas secariam. Eu afundaria na memória, de volta às origens do
mundo. (O mar tem um deserto no fundo.) Uma casca morta de semente, por
nada, por nada. Mas foi bom, não foi?"

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Hunger Games

"Porque Peeta?
Foi durante a pior época da minha vida. Meu pai havia morrido no acidente da mina três meses antes, no janeiro mais amargo que alguém pode ter notícia. O entorpecimento da perda havia passado, e a dor me atingia repentinamente, fazendo meu corpo se contorcer, se sacudir de soluços. Onde você está? Eu gritava na minha cabeça. Pra onde você foi?
É claro que jamais obtive uma resposta.
O distrito nos dera uma pequena quantia de dinheiro como compensação pela morte dele, o suficiente para cobrir um mês de luto, e depois disso minha mãe deveria arranjar um emprego. Mas ela não arranjou. Ela não fazia nada além de ficar sentada em uma cadeira o tempo todo ou, mais frequentemente, debaixo dos cobertores na cama com os olhos fixos em algum ponto distante. Com onze anos, assumi a chefia da família.
Mas o dinheiro acabou e nós começamos lentamente a morrer de fome. Não há outra maneira de colocar a coisa.
Na tarde em que me encontrei com Peeta Mellark, a chuva estava caindo em incessantes jatos gelados. Eu estivera na cidade tentando trocar algumas roupas velhas de bebê pertencentes a minha irmã no mercado público, mas não aparecera nenhum comprador. Eu não podia ir para casa porque lá estavam minha mãe com seus olhos mortos e minha irmãzinha com suas bochechas descarnadas e os lábios rachados. Eu não podia entrar naquela casa com as mãos vazias de qualquer esperança.
Quando passei pela casa do padeiro, o cheiro de pão fresquinho foi tão arrebatador que fiquei tonta. Os fornos ficavam nos fundos, e um brilho dourado escapava pela porta aberta da cozinha. Fiquei lá parada, hipnotizada pelo calor e pelo aroma delicioso até a chuva interferir, passando seus dedos gelados pelas minhas costas e me forçando a voltar para a vida real. Levantei a tampa da lixeira do padeiro e a encontrei brutalmente vazia. De repente, alguém berrou na minha direção e vi a mulher do padeiro mandando eu sair dali. As palavras eram feias e eu não tinha nenhuma defesa.
Enquanto recolocava cuidadosamente a tampa da lixeira no lugar e me afastava, reparei a presença dele, um garoto louro espiando por detrás da mãe. Eu o vira na escola.
Ele estava no mesmo ano que eu, mas eu não sabia o nome dele.
A mãe voltou para a padaria, resmungando, mas ele deve ter ficado me observando enquanto eu contornava o cercado onde estavam os porcos e me encostava em uma velha macieira. A percepção de que eu não conseguira coisa alguma que pudesse levar para casa finalmente se instalara em mim. Meus joelhos fraquejaram e escorreguei até as raízes da árvore. Era demais para mim. Eu estava doente, fraca e muito, muito cansada mesmo.
Ouvi um barulho de metal na padaria e a mulher gritando novamente e, em seguida, o som de uma explosão, e vagamente imaginei o que estaria acontecendo. Pés chapinharam sobre a lama na minha direção e pensei: 'É ela. Ela está vindo me expulsar daqui com um cabo de vassoura.'
Mas não era ela.
Era o garoto. Em seus braços ele segurava dois grandes pães que devem ter caído no fogo, pois estavam bem chamuscados.
A mãe estava berrando.
– Dê para os porcos, criatura idiota! Por que não? Nenhuma pessoa decente poderia querer um pão queimado!
Ele começou a arrancar pedaços das partes mais chamuscadas e lançou para os animais.
O garoto em momento algum olhou na minha direção, mas eu o observava o tempo todo. Por causa do pão, por causa do vergão avermelhado que eu via em seu rosto. Com que
tipo de objeto ela batera nele?
O garoto deu uma olhada na padaria, como se estivesse se certificando de que a área estava limpa e então, com a atenção de volta aos porcos, jogou um pão na minha direção. Logo em seguida veio o segundo, e ele chapinhou de volta à padaria, fechando com firmeza a porta atrás de si.
Mirei os pães sem conseguir acreditar em meus olhos. Eles estavam bons, perfeitos, na verdade, exceto algumas poucas partes queimadas. Será que o garoto quis que eu ficasse com eles? Acho que sim, porque caíram pertinho de mim. Antes que alguém pudesse testemunhar o que havia acontecido, enfiei os pães embaixo da roupa, apertei a jaqueta contra o corpo e fui embora sem alarde.
Somente na manhã seguinte me ocorreu a ideia de que o garoto pudesse ter queimado o pão de propósito. Talvez ele tivesse jogado os pães nas chamas, mesmo sabendo que seria punido, e depois os tivesse dado a mim. Mas não levei em consideração essa ideia. Deve ter sido um acidente. Por que ele teria feito isso?
Ele nem me conhecia.
'Bem, penso, seremos 24 por lá. Há muita probabilidade de outra pessoa matá-lo antes de mim.'
Mas é claro que, ultimamente, as probabilidades não andam muito confiáveis."

A(morte)cer

Dopada, às vezes é como me sinto. Como se eu tivesse essa explosão de sentimento dentro de mim, apenas esperando para cuminar. Mas apenas continuo em mim, apenas esperando o amortecer passar e as sensações me atingirem.
Tenho aquela angustia no peito, mas talvez tenho me acostumado com você me rejeitando. A questão é porque você tenta criar esperanças para depois me ignorar. Mas por agora, me sinto dopada.
Na verdade, penso no que fazer. Esperar um pouco, talvez, para seguir em frente de vez. Porque decidi que vou reagir como você reage: infantilmente. Porque enquanto você me teve nesse tempo, você vai me perder.
E se arrependerá. Pode apostar.
E olho ao meu redor. E vejo esperanças. Um começo novo. Sim, é difícil desfazer, mas você não me deixa escolhas. Você não corre. Você me deixa. Você solta minha mão.
Você não fala, você silencia.
E eu estou cansada de falar com seu silêncio.
Então, você está me perdendo. E talvez agora não faça efeito, mas vai fazer. Eu só.. sei disso.
Saber. Não espero que ele venha atrás agora. Aliais, sei que não muda eu me sentir desse jeito, porque ele não sabe, ou não se importa, como me sinto. Mas decidi que talvez tenha de eliminar ele de vez na minha vida: "Não, não podemos ser amigos". Se arrependa.
E então, vejo o outro. E tenho esperanças. Porque eu não posso deixar de olhar para o outro e respirar fundo e pensar: "Deus, como ele é lindo." E talvez o outro não seja complicado, dramático. Se importe. Fale comigo, ao menos. Me responda, ao menos.
E sim, talvez eu ainda não esteja pronta para o outro. E sim, estou cansada de últimos avisos invisíveis: a partir de amanhã vou parar de pensar nele, e de não acontecer.
Mas não resta escolha.
Você está fazendo a sua.
Está soltando minha mão.
Então, me resta dopar, amortecer, pra não sentir a dor.
E tentar mergulhar mais uma vez...
Pra alcançar esperanças.

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Vermelho

Cinza.
Minha primeira visão.
Tons de cinza e branco.
Cinza? O céu. Nublado.
Pisco algumas vezes. Umidade. Frio. Cinza.
Me levanto lentamente. Água. Em todo lugar.
E mais cinza.
Dessa vez, blocos enormes de concreto cinza. Prédios.
Mais água.
Algo frio toca minha mão. Olho para ela. Uma caneca rosa, com as bordas enferrujadas.
Vermelho, tecido. Alguns ferros. Olho ao meu redor. Desconforto. Não era um barco. Mas estava flutuando. Sinto o movimento da correnteza.
Me apoio nos braços, e sinto a umidade entrar pelas minhas costas. Vejo o ferro projetando-se do meio de meu modo de locomoção.
Estava dentro de um guarda-chuva. Flutuando.
Meus olhos se movimentam rápido, e minha consciência não está completamente ativa para acompanhá-los. Fecho-os por alguns segundos. Respiro. Abro-os novamente. Tento raciocinar e entender a cena.
Uma cidade alagada, no qual se vê apenas parte dos prédios. Eu estava em um guarda chuva vermelho, com uma caneca dentro. Olho ao meu redor. Alguém? Avisto alguns barcos, com pequenas lanternas penduradas e pessoas aglomeradas em seus interiores. Pequenas ilhas neste caos úmido.
Fecho os olhos mais uma vez. Respiro.
Me ajeito mais para o meio do guarda-chuva, para a água parar de entrar. Entendo a ultilidade da caneca, e começo a enchê-la para me livrar do líquido que mantinha meu guarda-chuva ainda mais afundado.
Estou com frio, e meus dentes tilintam. Meus osso doem e gelam. Meu corpo está entorpecido pela camada gelada, a água, que queima de tão fria.
Usando um pouco de força, ofegante e em desespero, grito para um dos barqueiros, mas eles me ignoram. Seus barcos já estavam lotados.
Olho ao meu redor novamente, em busca de um lugar para parar, ou alguém para me socorrer. Entro em pânico. Me sinto fraca. Poderia morrer em meio aos golpes líquidos. Poderia me render ao frio.
É quando sinto a maré mudar, e as águas ficam mais agitadas.
Então o vejo. Dobrando a esquina desse mar no concreto, vem outro barco. Mas dessa vez muito maior que os outros.
Ele é todo iluminado, por pequenas lampadas ao seu redor, que o contorna sutilmente, e sua parte de cima é aberta. Aparentemente é movido a motor, pois de sua parte traseira, saem bolhas, que agitam tanto a maré. Seu cascalho era vinho desbotado, e em preto se lia o nome: 'Pala's Sword'
Segurando no mastro e olhando para os lados, eu via a figura de um menino. Seus cabelos escuros rebeldes agitavam com o vento forte, e seus olhos estavam estreitos.
Arregalo os olhos diante da imagem, e desisto de tirar a àgua do guarda-chuva - o movimento do barco fez com que ele praticamente inundasse, e eu já estava completamente molhada.
Junto as forças, e lutando para não afogar, grito por socorro.
O menino olha pra mim, e sinto ele me notar.
Então, depois de entender a cena, ele grita algo inaudível entre o som da maré, e vejo alguns homens se aproximarem.
Juntos, arremessam uma corda na àgua, com uma bóia branca presa na extremidade, e ela cai próxima ao meu guarda chuva.
Lutando e movimentando meus braços para me aproximar da bóia, seguro ela com uma mão, mas não saio do guarda-chuva. Tomo cuidado para me assegurar que estou segurando a ambos fortemente, apesar de meu corpo doer com o frio, que parece drenar meu sangue até me sentir vazia, e minhas mãos arderem pelo contato com o ferro do guarda-chuva.
Sinto que eles começam a me puxar, mas minhas forças estão se esvaindo. Fecho os olhos. "Apenas mais alguns metros, apenas mais alguns metros."
Meus dentes tilintam, meu aperto afrouxa, meus olhos lutam contra a escuridão.
"Mais alguns metros."
O frio invade meu cérebro, e abaixo minha cabeça. Sinto meu braço se soltar da bóia.
"Mais..."
Estou quase me rendendo quando sinto algo quente e macio tocar meu braço.
Em um ultimo esforço, entreabro meus olhos.
-Bem Vinda ao Pala's Sword. Você está à salvo agora.
Minha ultima visão foi o mar verde.
Mas o mar verde eram os olhos do menino.
Tudo escurece, e me rendo ao desmaio.

domingo, 14 de agosto de 2011

Feito por Hermione (Autoria de LS)

Lembra quando agente se conheceu? Bom, eu não me lembro do exato momento, mas lembro-me muito bem de que a gente ficou no mesmo quarto (o da mão e da língua na caixa) que usamos a letra da musica “moro num país tropical” e nossa monitora era uma chata irmão da Melody (não vamos citar nomes né?), a Nastácia! Nosso quarto tinha alguma coisa a ver com barulho, se bem me lembro, o barulho das meninas no quarto de cima, cuja monitora era a Pseudo-Pedófila. Tick- tock no relógio, ou seja, o tempo passa e você se tornou uma amiga super especial para mim, ainda naquela temporada. Lembro-me do seu Love Spell que eu não conhecia e tanto amei e, para confessar, é o meu perfume favorito até hoje! Já, desde tão pequenas, curtíamos justo as pessoas erradas. Adquirimos um tipo de amor-platônico (confesso eu ainda presente, mas com quê de atração) por um garoto que desde pequeno já tinha ar de maconheiro e era, sem exageros, lindo e atrativo, o que ele ainda é, porque né... Mas como se a vida já não fosse nos magoar desde jovens: ele era um escroto, metido. Mal sabíamos que esse seria o começo de uma grande (e sofrida) amizade. Recordo-me da quadrilha que dançamos e eu dancei com ele (me achando a super, confesso, por poder andar de braços dados com ele: o weed-boy). É, e assim você conheceu a Hermione.
Fomos nos rever dois anos depois. Eu ainda continuava a gostar de você, mas nossa amizade ainda não era tão unida. Revimo-nos na temporada e ficamos no mesmo quarto: o das vinagretes. Meu carinho por você só aumentava, nos divertíamos para burro... Conheci seu irmão, hoje meu tão grande amigo Lulis, jogamos pebolim e ‘praticamos muito’ (se é que você ainda se lembra dessa piadinha). Aquela temporada foi incrível, a temporada da Grande Família! Incrível, incrível... Ainda assim nossa amizade não era das maiores, mas era muito especial sem sobra de dúvidas. Para falar a verdade não me lembro de muitos momentos com você nessa temporada, recordo-me de nossos banhos em que comentávamos sobre sua amiga que ficou com o Martelo. Ahhh foi também a temporada das pipas de linha, acho que você fez uma para mim! Recordo-me da noite em que fomos ao Jaca de noite para tirar fotos, ainda as tenho, se você quer saber... E ai?
E ai que o tempo passou em mais um aninho e fomos nos rever: a grande temporada de nossa amizade. Fomos separadas de quartos... Confesso que fiquei PUTA, queria muito ficar no seu quarto. Depois ainda chegou uma menina cujo vulgo será Grungie: vocês ficaram super amigas e ela ficou com nosso amor-platônico (apenas comprovou o quão escroto ele era). Além dela, você ficou com o famoso, o inesquecível, incompreensível, causador de dores: Hipster. Ele era meu amigo, pelo menos se tornou na temporada e confesso que fiquei bem triste de saber que ele só ficou meu amigo para se aproximar de você. O famoso, o queridinho das mais velhas. Todos achavam que ele queria ficar comigo quando na verdade era você a escolhida! Ainda bem, afinal, vocês se tornaram Adão e Eva (literalmente). Custa-me lembrar sobre vocês quando na verdade essa temporada foi MUITO importante pra mim, principalmente no ultimo dia quando o fenômeno pelo qual eu mais sofro hoje aconteceu. Olha que irônico: o que mais causa sofrimento em ambas hoje em dia, veio a acontecer nessa temporada, a temporada de 2010. Não me arrependo, espero que você também não. Arrependo-me mesmo é de ter esperando tanto tempo para te contar essa história suja e perturbadora que me consome a cada segundo e me faz perder minha vida pensando em coisas que não deveria. A viagem foi longa para mim, e ainda me assusto de você não ter percebido do meu sumiço no ônibus, mas normal, afinal, você estava com a Grungie e eu com a Martela (que também não se deu conta do meu sumiço por estar enamorada de um tubarão ai). Grande, forte, intensa temporada que eu não esquecerei jamais, especialmente dos últimos momentos: ônibus! Voce terminou com o Hipster, se arrependeu e sofre até hoje. Eu tive que parar de falar com o Pseudo-pedófilo e custa-me até hoje lembrar de sua existência. Mas cá estou hoje eu me reprimindo por sua causa, por causa do abandono ao qual ele me deixou e você pelo abandono que causou ao Hispter.
Nos divertimos no metrô, na galeria do rock, no centro da cidade, em Amparadise, na sua casa, na minha casa, na casa dos seus amigos, com seus amigos, com meus amigos, na minha festa, na pizzada, pintando meu armário, comprando camisetas iguais e vestindo-as, stalkeando, conversando, nos apoiando, chorando, sofrendo, rindo, lendo, tocando, passeando, comento churrasco, tirando foto. De todas as possíveis formas de diversões mais sem graça, com certeza as com você tiveram mais graça! Te amo.

ps. Provavelmente vou me lembrar de mais coisas e me arrepender de não ter posto aqui. Mas o principal, foi citado.

Autoria de L.S.

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Relógio Biológico

Era uma casa bonita.
Ela não se lembrava da cor do portão, mas era uma casa bonita.
Ela se lembrava das árvores. Era uma rua calma, e se recordava das folhas em tom amarelo no chão, e de olhá-las enquanto esperava-o do outro lado da rua.
Do pequeno disparo no peito. De finalmente entender a expressão 'borboletas no estômago', 'frio na barriga'.
Sim, ela se lembrava das folhas no chão, e lembrava do cadarço sempre desamarrado do all star vermelho. De estralar os dedos com o esmalte azul descascado. De estar encostada no carro antigo do pai, olhando para o portão e para o chão, e novamente para o portão. Não queria perder um segundo de visão dele.
E lá estava ela de novo. Mesmo all star. Mesmas folhas. Mesmo esmalte azul.
Mesmo disparo no peito.
Mas, dessa vez era diferente. Aquele era o futuro, e ela tinha medo dele. E do futuro do futuro. No momento em que ele saísse daquele portão, seria diferente. Ele não atravessaria a rua com um sorriso no rosto e a beijaria.
E eles não caminhariam de mão dada até a praça próxima, rindo e felizes em se reencontrarem, e tristes por ser breve. Ela reclamando do cabelo curto. Eles deitados olhando para o céu nublado.
Depois dessas horas, tudo poderia acontecer. Apesar da probabilidade de ela voltar para essa mesma rua chorando, não conseguia conter a chama de esperança em seu coração. De conseguir aquela tarde de volta. O sorriso. O beijo. As mãos dadas.
Ela sente a brisa no rosto. A mesma brisa. Fecha os olhos, e gostaria de poder voltar no tempo. Voltar e fazer diferente. Voltar e dar certo.
Andava pensando muito no futuro. Será que naquela primeira vez, diante daquela casa, ela imaginaria que estaria de volta nessa outra situação? Talvez sim, mas foi boba o suficiente para não prever...
Ela gostaria de voltar no tempo.
Eram as mesmas folhas, o mesmo esmalte.
A mesma casa e o mesmo portão.
Mas nada era o mesmo.

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Ele Problema

O Problema Ele, então.
Não vou parar. Não consigo.
Não consigo parar de pensar no Problema Ele, pelo menos uma vez ao dia, passa pela mente, atinge o coração. Uma pontada, como agulha, como vacina, mas em vez de curar, adoece.
Ele vem na cabeça, passa pelos olhos e sai pela boca. Não me contenho, não consigo. Ou me continha.
As vezes penso que pode ser meu romance exagerado, meu coração de poetisa, o excesso do querer-e-não-ter. Mas talvez sejam as lembranças que pesam no peito. O beijo, os apelidos, o pôr-do-sol, a praça. Como éramos diferentes entre nós e diferentes daqueles ao nosso redor. Diferentes, diferentes...
Seu drama, meu drama, dois atores em um 'Imenso Palco de Loucos' como diria William Shakespeare. Só vivendo intensamente uma pequena parte da vida que era aquele romance, de dois pontos de vistas, dois bons pontos de vistas, apenas que o seu era melhor.
E é por isso que lembro.
Lembro das coisas boas. As coisas ruins não parecem mais me aterrorizar.
E isso é ruim, pois o que me aterroriza agora é o presente.
O presente sem ele.
O que me trás de volta ao Problema Ele.
Mais uma vez aqui, pelo menos uma vez ao dia, revivendo-o.
Não vou parar. Não consigo.
O então, Problema Ele.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Bucólico

Já percebeu como palavras são palpáveis? São como músicas, e cada uma tem um som, uma imagem, uma beleza, uma estranhez, por si só.
Fale em voz alta a palavra adorável. Ela não é melodiosa, meiga, suave? Adorável.
Fale, então, a palavra desafio. Esguia, lisa, ágil. Rápida.
Essas são as boas. Agora diga bucólico. Apesar do significado senil e campestre, a palavra em si me recorda algo como um vermezinho verde, pequenino e simpático.
Palavras são mágicas. Apesar de não serem a única maneira de se expressar, elas significam tanto. Elas mudam tudo. Foi uma palavra que começou um amor. Talvez uma que começou a guerra. Outra que deu origem há uma amizade. Certamente às histórias, à imaginação.
A comunicação é natural do ser humano.
E não há nada mais impactante do que uma palavra dita de modo verdadeiro. Querendo dizer. Preenchendo-a de modo real.
Uma ofensa machuca.
Uma declaração derrete.
Pois é, caro amigo. Palavras mudam vidas. Destinos. Louco de pensar não?
O difícil é saber que elas são gastas à toa em tantas ocasiões.