quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Noite de horror. (continuação)

"Malditos sapatos. Sabia que não podia ter posto eles. Chegam no fim do dia e doem."
Era o pensamento fútil que passava por minha cabeça. Apenas depois reparei que passava na frente do cemitério.
Sempre tive medo do cemitério, agora mais temível que nunca. A rua escura era iluminada apenas pela luz do luar, neste trecho todos os postes estavam queimados. O silêncio era tão profundo, que chegava a ser suspeitável, como um silêncio provocado para enganar. Era um silêncio mortal.
Meus passos ecoavam na rua, os saltos estalando ao encontro do chão. O frio estava em forma de vento, passando por mim como um véu. Eu tremia.
Fechei os olhos por um segundo. "Você não é boba. Já é crescida. É só uma rua escura. Que estupidez."
E foi neste momento de pensar em que abri os olhos...
E ele estava lá.
Primeiro reparei na palidez. Reparei nisto primeiro por que com a luz da lua ele praticamente brilhava.
E depois fique aprisionada a seus olhos. Cor de sangue, a íris negra. Eu entrei dentro de seu olho, e mergulhei no mar de vinho. E me afoguei nele.

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