Sabe, ele é tão lindo. Dá vontade de segurar ele e não deixar soltar nunca mais. Nunca, nunca mais.
"O que você está olhando?" ele me pergunta, sorrindo, e eu paro de encarar. Deus, preciso parar de fazer isso. É só que eu.. não me acostumo. Sabe, com a beleza dele.
Viro a cara, vermelha. Mas só ouço um risinho. Olho de novo para meus amigos ao redor, e vejo que foi da menina á minha frente. Aquela que está com o decote maior do que deveria.
"Sabe, Matthew" ela começa, olhando para ele. Ela parece se contorcer enquanto fala. Deve ser meio difícil ficar com os braços apertando o peito "acidentalmente" o tempo todo. "Você vai na festa hoje á noite?"
Olho para Matthew. Ele olhava para ela. Não para o rosto, um pouco abaixo.
"Na verdade, não" diz Matthew, para minha surpresa. "Tenho outros planos", e ele olha para mim. Que significado aquele olhar teria?
A menina-do-decote fecha a cara. Provavelmente ela queria que ele fosse.
Conheço Matthew faz três meses. Três felizes meses. Foi um encontro totalmente ao acaso. É eu nunca tinha visto ele. O que é estranho, pois aqui na cidade todo mundo conhece todo mundo. Eu estava no meu lugar preferido, a pequena livraria da cidade. Estava completamente absorta em meu mundinho, quando ouço: "Com licença, mas por acaso está lendo a continuação deste livro?" Olho para cima e vejo ele, completamente estonteante, olhando para mim. Sua mão indica um livro que eu já li muitas vezes.
E ai começamos a conversar. E conversar... eu finalmente tinha achado alguém que gostava de livros. E de ler em geral. Na minha cidade, ler parece que é uma coisa ruim. Ninguém lê. Não é a tóa que até mesmo esta pequena livraria esteja fechando.
Mas eu, e aparentemente aquele menino, gostávamos de ler. Então nós combinamos de sair mais vezes, trocar idéias e emprestar livros. E desde então três meses se passaram. Três felizes meses.
E cá estou eu, rodeado de amigos dele que não faço a mínima idéia de quem são. Uma coisa eu sei: eles não devem gostar de ler como eu e Matthew.
E volto á realidade com a vozinha nojenta da menina-do-decote.
"Ahhh. E eu tenho de ir. Preciso me arrumar. A festa é as oito horas."- Eram quatro horas da tarde. Ela se levanta, mas continua com olhos em Matthew. "Bom, se mudar de idéia, aparece lá." e ela sai andando, aliás, se contorcendo, de tanto que rebola. E ele olha. Bastante. Esse é o problema. Não adianta o quanto eu gostar de Matthew, o quanto me dar bem com ele, o quanto gostarmos das mesmas coisas, enquanto eu não for do jeito e do corpo da menina-do-decote, ele não vai olhar daquela maneira para mim. Ele e todos os meninos.
Pouco a pouco, os outros amigos de Matthew vão embora, e em pouco tempo está apenas eu e ele. Não que eu me importe. Nem um pouquinho, para falar a verdade.
"Então, o que vai fazer hoje á noite?" pergunto para ele, tentando puxar assunto. Não quero que ele vá embora.
"Ah, não sei, só sei que não quero ir á festa." ele diz, olhando para o chão. NÃO ENCARE, NÃO ENCARE, lembro quando vejo que já estou memorizando sua face de novo.
"Hmmm. Eu acho mais legal você ir para a festa do que ficar aqui sentada comigo. Pelo menos aquela sua amiga do dec... quer dizer, de blusa rosa vai estar lá."
Ele ficou confuso. "Ela não é muito legal, prefiro ficar com você."
Arã que ele prefiria. Mas resolvi não discutir.
"Terminei o livro que você me emprestou. Ahn, esqueci em casa." eu disse mordendo o lábio. Eu sempre esqueço os livros dele, e ele sempre está com os meus. Ele sorri.
"Como sempre. Tudo bem, amanhã você me devolve. E aí, gostou?" Fico feliz por um momento, pois ele falou qua vamos nos ver amanhã. "Claro!" digo, rindo. "Quando que não gostei? Ah, e por sinal, é um dos finais que não precisam ser editados". Matthew e eu temos uma brincadeira de editar os finais felizes que não gostamos muito. Aí geralmente o livro fica perfeito.
"È, realmente o final é legal. Eu gostei daquele final." ele diz, sério.
"Eu quero um final para mim que não precise ser editado" digo, meio que pensando alto.
Ele sorri e olha para mim. "Como assim?"
Mordo o lábio. Maldita mania.
"Bom, eu quero um final feliz para mim, sabe? Eu quero que minha vida sejam vários livros, todos com finais perfeitos". Deus, como sou tonta.
"Hmm. E para você agora, o que seria o final perfeito?" ele pergunta erguendo a sombrancelha. Fico vermelha, pois não podia dizer o final feliz com que sonho todas as noites fazem três meses.
"Não sei" digo, pensando se deveria dizer a verdade. Ora, claro que não. Ele riria.
"Sabe sim" disse ele me olhando fixamente. E me matando, praticamente. "Eu sei o meu."
Que não envolva a menina-do-decote por favor, por favor!
"E qual é?" pergunto, delirando de curiosidade. Mas não deixando transparecer.
Ele franze a testa. "Você já sabe." Ele se aproxima de mim, me olhando fixamente.
Deus, envolve a menina-do-decote. Tinha de envolver. Ah, a vida é injusta. E ele está tão perto...
"Não, não sei." digo tristemente.
E então, de repente não estou mais olhando para baixo com cara de filhotinho.
Estou nos braços dele. E ele me olha, intensamente. O olhar dele me perfura, mas nem eu nem ele desviamos.
Eu paro de respirar. E ele diz, quase num sussurro, mas eu ouço, pois estou bem perto dele: "Então agora vai saber. Este é meu final feliz." então ele se aproxima..
E ele me beija.
Me beija, primeiro gentil e doce, depois urgente e forte. Eu nunca tinha sido beijada antes.
Meu corpo ficava cada vez mas perto do seu e os segundos não passavam. Nós estávamos colados e o beijo não era mais apenas na boca, mas a sensação fluía pelo meu corpo inteiro. Era perfeito. Muito melhor que o meu final feliz. E daquele final feliz eu não queria sair.
Paro para e respirar, estou arfante. "É meu final feliz também. Um final feliz perfeito, que não precisa ser editado". E era mesmo.
E voltamos a nos beijar.
amei o conto gata, muito bom. Eu também adoro descrever esses joguinhos de amor e principalmente o primeiro beijo de um casal. É muito divertido, juroo.
ResponderExcluirEu sei, né? *-*
ResponderExcluirHehehehe.
Suadades "gata" (quando pegou essa mania?!É tão não-sua-cara). :*