Olha, eu nem tava prestando atenção,ok? Naquele momento meus pensamentos eram muito mais importantes.. Eles rodavam por vias muito mais distantes (como o quanto eu to enjoada da minha família -nem meu cachorro se salva!-, minha indecisão, como aquele cara difícil de esquecer -e o quanto eu queria poder esquêce-lo, mesmo sabendo que é impossível , ou se não aquele amor impossível que eu sei que é maluquice mas mesmo assim tenho esperanças)... Mas até aí, nada importa certo?
O que importa é o que está para acontecer.
Foi tudo rápido de mais, na varanda do prédio. Meu cabelo não parava de balançar, porque estava muito vento. Era um fim de tarde, o sol estava se pondo, e essa luz tingia tudo de vermelho.
Dava um ar sinistro para a situação... E eu não gostava muito dali. A vista da varanda não era exatamente uma vista muito.. agradável.
Pois do outro lado da rua havia um patrimônio público.
Um cemitério.
Cara, aquilo me da arrepios...e saiba que não sou muito medrosa!
Todas aquelas lápides com as cruzes, e os anjos de cimento te encarando... argh!
Então eu evito olhar pra lá, mas eu estava fumando.E para fumar eu preciso sair de casa (regras do condomínio..) e quando quando faço isso nem penso direito.. Então nem me lembrei.
Estava nesses momentos de esquecimento, eu notei um movimento. E como cemitérios são muito parados, qualquer movimento chama a atenção.
Corri os olhos pelo cemitério, e descobri o lugar diferente. Era uma lápide. E ela estava tremendo.
Eu estava apoiada na grade, mas quando notei me distanciei. Fiquei reta, olhando fixo para o ponto estranho, paralisada de medo. O cigarro caiu da minha mão.
A lápide estava abrindo. E de lá saiu uma mão. Ela era pálida e esqualida, praticamente apenas ossos.
E conforme a lápide se abria, decobri o que saia dela. Era um corpo branco, magro, pele e osso. Estava vestindo farrapos, e se movimentava como alguem que tem falta de prática. Era um cadaver em decomposição. Um zumbi.
A primeira coisa que pensei foi : "URGH!".
A segunda "O cigarro tem maconha dentro!"
Terceiro: "Preciso fazer algo".
E então ele se virou abruptamente. E olhou pra mim, e percebi que dentro da cavidade de seus olhos era vermelho carmim, e amedrontador.
Pelo meu instinto- ou por adrenalina-, me virei para correr. Mas fui detida. O zumbi barrava meu caminho.
Para alguém que tinha falta de prática em se locomover, ele era bem rápido!
Sem escolhas, fiz o que qualquer boa donzela indefesa faz: gritei!
Gritei bem alto e estridente, de olhos fechados, e lagrimas escorriam pela minha buchecha.
Quando abri os olhos ele.. havia sumido.
E eu estava sozinha de novo na varanda.
Porém, ao olhar para o cemitério, vejo que sua lápide estava aberta.
Assustada, entrei no apartamento.
P.s.: Este é o primeiro conto em conjunto (Ana e Sofia)
P.s.2: Quando tivemos a idéia estavamos na varanda da avó da Ana, que sim, tem uma vista para um cemitério (dá pra acreditar?)
P.s.3: Sofia diz: "Esse conto me lembra muito o clipe Thriller do Michael Jackson."
(:
adoro esse conto, sabia? não pela história em sí, mas pelos momentos que lembro da gente discutindo sobre o conto. foi divertido
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